Radicais fascistas inspiram-se em agressões de Aécio a Dilma no debate

Aécio tem mostrado uma outra face, depois do riso no canto da boca, nos confrontos com a presidenta Dilma Rousseff
Aécio tem mostrado uma outra face, depois do riso no canto da boca, nos confrontos com a presidenta Dilma Rousseff
A tensão política ganha as ruas do país após uma série de ataques de integrantes da ultradireita fascista a simpatizantes da candidata Dilma Rousseff e de partidos da esquerda brasileira. Na véspera, o humorista Gregório Duvivier noticiou a violência que vem sofrendo nas ruas do Leblon, bairro de classe média alta do Rio de Janeiro, por declarar seu voto à candidata petista que, na noite passada, foi alvo de agressões verbais do candidato tucano, AécioNeves, em um debate na rede de TV SBT. O fato foi motivo de protesto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpria agenda política em Manaus na noite desta quinta-feira. Lula criticou Neves: – Quando eu vejo um homem na televisão ser ignorante com uma mulher, como ele (Aécio) tem sido nos debates, eu fico pensando: se esse cidadão é capaz de gritar com a presidenta, fico imaginando o dia que ele encontrar um pobre na frente: é capaz dele pisar ou não enxergar – disse. Lula disse, ainda, que o PT segue na tentativa de “descontruir” Aécio, classificando-o no campo conservador e elitista ao qual sempre pertenceu. – Este país não pode mais ser governado apenas com a cabeça da elite brasileira. Esse país tem que ser governado pelo sentimento do coração. Queremos um país onde todos possam tomar café, almoçar, jantar e estudar – disse Lula, ao lado do senador Eduardo Braga (PMDB), candidato ao governo do Amazonas. Violência continua O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, por sua vez, diz apenas que lamenta o tom do debate presidencial mas avisa que irá “responder à altura” aos supostos ataques que partirem da adversária. Dilma chegou a se sentir mal, após a discussão pública com o candidato tucano. Nem isso foi o suficiente para deter a maré de ódio que toma conta das redes sociais. “Tá se sentindo mal? A pressão baixou??? Chama um médico cubano, sua grande f.d.p!”. A mensagem foi postada no Facebook pelo médico gaúcho Milton Pires, funcionário da prefeitura de Porto Alegre, formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em terapia intensiva, logo após o mal estar da presidenta Dilma, com uma queda de pressão. Seus seguidores salivaram de ódio. Um deles dizia que a presidente Dilma deveria buscar proteção da Lei Maria da Penha, após ter sido espancada no debate. As mensagens são apenas mais um caso de ódio que se alastra pelas ruas do país. Segundo o jornalista Breno Altman, em artigo publicado no site Opera Mundi, “há uma onda reacionária em movimento, que abala e ameaça os fundamentos mais comezinhos da vida civilizada e democrática. Sua encarnação política é o antipetismo. Seu redentor, o candidato tucano Aécio Neves. Os conservadores perderam a vergonha na cara. Batem no peito e se enchem de orgulho em ser o que são: um grupo político-social que veste simbolicamente as camisas pardas dos inimigos mais ferrenhos da civilização”. Ataque sórdido É nesta realidade política em curso que o blogueiro Enio Barroso Filho, portador de deficiência física que o obriga à cadeira de rodas, foi agredido em São Paulo, na última terça-feira, segundo denunciou em sua página em uma rede social. Barroso Filho integra o movimento de blogueiros progressistas e é filiado ao PT, motivo pelo qual, segundo relatou, foi alvo da ira de fascistas paulistanos que o abordaram em plena via pública. “Terça-feira saí de casa para participar do Churrascão da Gente Desinformada, na Praça Roosevelt, à noite. Vesti minha camisa vermelha, paramentei-a com adesivos pró Dilma acompanhados da minha velha estrelinha de metal do PT que ostento com orgulho e de cabeça erguida desde Fevereiro de 1980, data da fundação do PT”, contou. “Saltei na estação República do Metrô e, como não havia nenhum elevador funcionando, (muitas estações estão assim depois da eleição do 1º turno), funcionários me levaram pela escada rolante e saí pela Rua do Arouche. Estava escuro e ermo como quase todo o centro de São Paulo nas noites de hoje. Nisso, um carro (acho que era Pajero) encostou na calçada e seus ocupantes começaram a me xingar pedindo que eu tirasse a camisa”, relata. “Respondi que não e lhes disse: “– É Dilma!! “Um deles disse: “–Te conheço da internet, petralha do c! Estamos de olho! “E outro anunciou: “– Não é porque você é um aleijado comunista que não mereça uma surra pra te endireitar “Mandei irem à merda e os três brutamontes carecas e bombados (menos o motorista) desceram e começaram a chacoalhar a minha cadeira tentando me derrubar. Gritavam muito e um deles me deu um tapa na cabeça. “Pareciam drogados, enfurecidos. Não tive medo, já que isso não é novidade para mim. Na ditadura militar enfrentava soldados armados por quem fui preso quatro vezes, mas nunca por civis. “Muitas pessoas viram, mas nada fizeram a não ser uma moça do outro lado da rua que gritou ‘Polícia !!!’. “Foi aí que eles me deixaram, entraram no carro e seguiram sem pressa. “Evidente que não pude anotar a placa devido as circunstâncias. Só notei adesivos no carro: “CHIC”, “AÉCIO 45″ e aquele conhecido “FORA DILMA e leve o PT junto”. Mas os rostos dos elementos enfurecidos, não esquecerei jamais. “Segui meu caminho na direção da Pça. Roosevelt e, encontrando uma dupla de PMs, contei o ocorrido. Um dos PMs disse que como não anotei a placa do veículo nada poderia fazer. E me ‘orientou’ a não andar por aí com ‘esse tipo de estrelinha e esse tipo de adesivo’, pois isso, nestas épocas, seria ‘muito perigoso”, relatou. E a caravana passa… Mesmo diante da onda de intolerância política que cresce no país, a aprovação do governo da presidenta Dilma pelos eleitores atingiu 43% (soma as avaliações ótimo e bom) na pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira. Trata-se de uma alta de quatro pontos em relação ao levantamento anterior, quando estava em 39% e é o índice mais alto medido pelo instituto desde dezembro de 2013. Os que consideram a administração regular são 31%, frente aos 33% do período anterior e os que veem a gestão como ruim ou péssima são 25%, uma redução frente aos 27% anteriores. Apenas 1% não souberam responder. No Datafolha a aprovação do governo ficou abaixo da auferida pelo Ibope, 40%. A reprovação (ruim ou péssimo) foi de 21% e a regular indicada por 38%. Há ainda 1% que não opinou sobre o assunto. Na comparação com levantamento realizado na semana anterior os índices de avaliação da petista ficaram estáveis, com variações dentro da margem de erro. Analistas acreditam que um patamar a partir de 40% de aprovação de governo é altamente positivo para os candidatos à reeleição. A melhora na avaliação da gestão está relacionada à propaganda eleitoral de rádio TV, quando o elei tor toma contato com os programas de governo, apesar das críticas dos candidatos opositores. No ar desde 19 de agosto o horário eleitoral foi suspenso de 3 a 8 de outubro e retornou no dia 9, após a votação de primeiro turno. Fonte: Correio de Brasilia
Zeudir Queiroz

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