Morre o primeiro entre os feridos e o número sobe para 235 na tragédia em Santa Maria

Robson Cavalcante

A primeira morte entre os feridos da tragédia de Santa Maria foi confirmada na noite desta terça-feira (29) pela Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. O jovem Gustavo Marques Gonçalves, de 21 anos, que estava hospitalizado no Hospital Pronto Socorro de Porto Alegre teve o diagnóstico de morte encefálica confirmado às 18h01. Agora, já são 235 vítimas do incêndio na boate Kiss. Gonçalves estava internado desde a tarde de domingo (27) na unidade de saúde de Porto Alegre e morreu devido à gravidade dos ferimentos. Ele foi transferido para capital já em estado crítico com extensas e profundas queimaduras. Até a noite desta segunda-feira (29), permanecem internados na região metropolitana de Porto Alegre, 58 pacientes que foram transferidos de Santa Maria, três deles já evoluíram bem e não precisavam de respiração por ventilação mecânica. Polícia diz que banda comprou sinalizador sabendo que era para uso externo De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, em Ijuí, há um paciente internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas sem necessidade de ventilação mecânica. Já em Santa Maria, são 62 internados, sendo 28 em UTI (20 no Hospital de Caridade, 3 no Universitário e 5 no São Francisco), além de 34 em enfermarias ou em observação. Durante a tarde, o número de mortes da tragédia em Santa Maria foi revisto para 234 pela perícia. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do governo do Rio Grande do Sul esclareceu que uma das vítimas foi levada diretamente para o Departamento Médico Legal e não constava na listagem divulgada. As outras duas estavam no ginásio onde o Instituto-Geral de Perícias identificavam os corpos, mas seus nomes não foram incluídos na relação oficial. Jovem morta em tragédia de Santa Maria foi trabalhar no lugar da mãe em boate Incêndio O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, a 290 km de Porto Alegre, aconteceu na madrugada de domingo (27). O fogo teria começado quando a banda Gurizada Fandangueira se apresentava. Segundo testemunhas, durante o show foi utilizado um sinalizador — uma espécie de fogo de artifício chamado sputnik  — que, ao ser lançado, atingiu a espuma do isolamento acústico, no teto da boate. As chamas se alastraram em poucos minutos. A casa noturna estava superlotada na noite da tragédia, segundo o Corpo de Bombeiros. Cerca de mil pessoas ocupariam o local. O incêndio provocou pânico e muitos não conseguiram acessar a única saída da boate. Os proprietários do estabelecimento não tinham autorização dos bombeiros para organizar um show pirotécnico na casa noturna. O alvará da casa estava vencido desde agosto de 2012. Ao entrar na boate Kiss, para socorrer as vítimas do incêndio, os integrantes da corporação se depararam com uma barreira de corpos. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo, descreveu a situação. — Os soldados tiveram que abrir caminho no meio dos corpos para tentar chegar às pessoas que ainda estavam agonizando. Esta é considerada a segunda maior tragédia do País depois do incêndio do Grande Circo Americano, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Em 17 de dezembro de 1961, o circo pegou fogo durante uma apresentação e deixou 503 mortos. Prisões Um dos donos da boate Kiss e dois músicos da banda foram detidos. Os pedidos de prisão, de caráter temporário de cinco dias, foram decretados pelo juiz Regis Adil Bertolin. Na tarde de segunda-feira (28), outro sócio da casa noturna se entregou à polícia. Ele se apresentou no 1º DP (Distrito Policial) de Santa Maria e não falou com a imprensa.

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