Seca afeta vendas no Mercado de Crateús

Ponto comercial tradicional tem queda no movimento, mas não é afetado pelo desabastecimento Crateús. A prolongada estiagem afetou as vendas no Mercado João Afonso, local tradicionalmente conhecido com “Feira Livre”, neste município. Comerciantes contabilizam queda na ordem de 70% nas vendas. Lamentam o difícil período sem safra, iniciado em 2011 e aguardam com esperança um bom inverno em 2014, para que as vendas retomem o volume normal. O Mercado, mais conhecido como “Feira Livre”, é chamado também de mercado novo, é ponto de venda e de circulação de centenas de pessoas de Crateús e cidades vizinhas, especialmente o público vindo da zona rural FOTO: SILVANIA CLAUDINO Em todos os boxes, a queixa é a mesma: as vendas estão fracas, o dinheiro está difícil. Diferentemente das secas anteriores, a maioria dos produtos não falta e os preços estão estáveis. O feijão e o milho que em período de seca ficavam escassos e o preço subia, neste ano a realidade é outra. Segundo os próprios comerciantes do local, a oferta e os preços são estáveis. Assim acontece com a maioria dos demais produtos. O Mercado, chamado também de mercado novo, é ponto de venda e de circulação de centenas de pessoas diariamente, especialmente o público vindo da zona rural. Os carros que transportam passageiros vindos das localidades interioranas de Crateús e, inclusive, do Estado do Piauí tem como parada certa a feira. O comerciante Chagas Inácio, também antigo no mercado, com mais de 20 anos no local, se ressente das vendas. “As vendas estão bem fraquinhas por causa da seca”, diz. Inácio vende doces, como rapadura, batida, alfinin, mel, goma molhada e o campeão de vendas, manzape. Segundo ele, nos anos de inverno normal, o manzape, que vem do distrito de Tucuns, chega diariamente à feira e vende bastante. Atualmente, a iguaria só chega às segundas-feiras, devido à queda na produção na serra por conta da estiagem. Compras “Imagine o prejuízo numa mercadoria que vinha todos os dias e agora só uma vez por semana? Isso por conta da seca, que afetou a produção da mandioca”, ressalta. É no mercado que muitas pessoas fazem suas compras mensais. Do feijão ao mel, do queijo à rapadura, do arroz à carne; muitos “enchem” as suas despensas com produtos adquiridos na feira. E ainda tem os que procuram as iguarias tradicionais do mercado. Ou seja produtos que só se encontra ali, como manzape, a goma molhada. Há também os consumidores das ervas e remédios caseiros, como o “lambedor”, mel conhecido como curativo nas gripes e resfriados, as folhas de boldo e caroços de macela para o tratamento de males de estômago. Conversas Além de tudo isso, o mercado é ponto de encontro dos mais antigos, que ali tomam um cafezinho com tapioca relembrando tempos de sua juventude, ao tempo em que falam de assuntos como modernidade, futebol e projeções de inverno para o próximo ano. Os comerciantes explicam ainda que o comércio no local está sobrevivendo basicamente das rendas dos aposentados e do Programa Bolsa Família, já que a agricultura e pecuária, vocação local e regional, foram praticamente abolidas nos últimos três anos. Os primeiros dias do mês são, então, o período que o comércio é aquecido, com o pagamento dessa clientela, que após receber seus rendimentos vai ao comércio. Nos demais dias, o movimento cai bastante. Mais informações: Mercado Público João Afonso Feira Livre Rua Moreira da Rocha/ Coronel Totó – Centro Crateús SILVANIA CLAUDINO REPÓRTER Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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