Mãe acolhe meninas em perfil de adoção tardia e celebra 1º Dia das Crianças com filhas

Foi necessário um ano para a conclusão do processo que permite que as irmãs Maria Rayane e Sofia Raquel, de 5 e 7, e a servidora pública federal Neusa de Sousa sejam uma família, perante a lei. A conexão entre as meninas e a futura mãe, porém, foi sentida desde cedo. Neste sábado (12), elas comemoram pela primeira vez juntas o Dia das Crianças.

Servidora pública adota crianças de 5 e 7 anos, considerado adoção tardia pela Justiça — Foto: José Leomar/SVM

“O sentimento já existia antes de elas serem adotadas. Conversando com amigos, eles dizem ‘parecem que elas sempre foram suas filhas, já estão tão íntimas’. E realmente, parece que sempre foram”, revela Neusa.

A trajetória começou em 2018, quando a servidora passou pelo curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção. Ela optou por crianças de zero a sete anos, que incluem o perfil de adoção tardia — de quatro a sete anos.

“Poderiam ser meninos ou meninas, não fiz escolha de cor nem nada disso. Bateram os perfis, meu e delas. Eu fiquei superfeliz porque, lá no fundo, eu queria meninas. Não que eu tivesse preferência, mas foi um encontro de almas, mesmo.”

Em fevereiro, ela foi apresentada às crianças, logo antes do início do estágio de convivência. Então, começaram as visitas ao abrigo. Para Neusa, a expectativa do primeiro contato se misturou ao medo: “Você não sabe se elas vão gostar de você, se você também vai gostar delas, porque tem que ter uma reciprocidade muito grande. No curso, eles falam que se a criança não gostar, não acontece a adoção. Então fica um certo medo”.

Apesar da apreensão, o carinho foi — e continua sendo — construído no dia a dia. “Eu fiz a festa de aniversário da Sofia em abril, quando ela ainda estava no abrigo. O aniversário da Rayane a gente comemorou junto com o da minha mãe, lá em casa. Elas passaram a morar comigo desde julho, quando eu recebi a guarda provisória”, lembra.

Adaptação

Na sexta-feira (11), durante uma solenidade no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, Neusa recebeu o mandado de inscrição de sentença de adoção. Além dela, outras 51 famílias estiveram presentes para buscar o documento que permite que os adotantes vão até o cartório e efetuem um novo registro de nascimento para as crianças.

Neusa reconhece os desafios de ser mãe solo, e consegue conciliar as atividades do período de adaptação à nova realidade em família, dividindo o espaço em casa com sua mãe e, agora, com as filhas.

“Eu estou de licença adotante agora, são seis meses imprescindíveis para a família. As meninas estudam em tempo integral, passam o dia todo fora. Quando eu saio pra trabalhar, deixo elas no colégio. Eu as busco quando volto, e, à noite, a dedicação é toda para elas.”

A servidora pública defende que, para adotar, é preciso se libertar de qualquer preconceito e estar “aberto às possibilidades”. Ela respeita as filhas em suas individualidades, educando-as de acordo com suas características.

“A Rayane, a mais nova, é muito simpática. É a que mais gosta de falar. A Sofia já é mais introvertida”, descreve. Ela define a experiência de adoção em uma palavra: maravilhosa. “É algo que muda demais a vida da gente. Antes, você era só mais uma pessoa, e, agora, você é responsável por alguém.”

Fonte: G1 – CE

Zeudir Queiroz

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