Brasília. Indignado com o novo adiamento do processo de cassação do mandato do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) na Comissão de Constituição e Justiça, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguiu acelerar a conclusão do caso após ameaçar não colocar em votação o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na próxima quarta (11), como estava previsto. Com a pressão do peemedebista, a votação da cassação de Delcídio foi marcada para hoje, às 17h, no plenário do Senado.
Diante da ameaça do presidente da Casa, senadores, principalmente da oposição e do PMDB, reagiram e decidiram apresentar um requerimento para que o caso fosse tratado com urgência, o que determinou o seu envio diretamente para o plenário. Pedido, neste sentido, foi apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), aliado do vice-presidente Michel Temer, e aprovado em votação simbólica.
Os integrantes da CCJ se reuniram extraordinariamente no próprio plenário do Senado e aprovaram o parecer do Conselho de Ética, que já havia decidido, na semana passada, favoravelmente à cassação de Delcídio por quebra de decoro parlamentar. O relator na CCJ, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) leu o relatório e os parlamentares fizeram uma votação simbólica. Assim, o caso ficou liberado para análise do plenário.
Em reunião à tarde, a comissão havia decidido adiar a votação do parecer após acatar pedido da defesa de Delcídio para que o colegiado requeresse à Procuradoria-Geral da República o compartilhamento de informações referentes a um aditamento da denúncia contra o senador feita na semana passada.
O requerimento de informação sobre o aditamento foi apresentado pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e foi aprovado pela comissão com voto contrário apenas do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Assim que foi informado da decisão da comissão, Renan reagiu em plenário. “Acho que algumas pessoas querem que o senador Delcídio participe da sessão do impeachment, mas eu manterei a minha isenção”, afirmou o presidente da Casa.
O peemedebista disse, ainda, que não é competência da CCJ produzir provas e afirmou que entende medidas com tal finalidade como “procrastinação”. “Terei dificuldades de convocar a sessão de afastamento da presidente antes da decisão da cassação do senador Delcídio do Amaral. Não vamos repetir a Câmara dos Deputados”, completou.
Renan também argumentou que, por ser uma matéria cuja tramitação teve início antes do impeachment de Dilma chegar ao Senado, deveria ser analisada primeiro.
Desculpas ao País
Cinco meses após ter se afastado dos trabalhos no Senado por ter sido preso na Operação Lava-Jato, Delcídio do Amaral retornou à Casa ontem para apresentar sua defesa no processo de cassação a que responde por quebra de decoro parlamentar.
O senador falou à Comissão de Constituição e Justiça e pediu desculpas pelos “constrangimentos” que causou, segundo ele, não só ao Senado, mas a todos os brasileiros. Delcídio sustentou que não cometeu crimes que possam levar à cassação e afirmou que agiu a mando do governo de Dilma. “Eu não roubei, não desviei dinheiro, não tenho conta no exterior. Estou sendo acusado de obstrução de Justiça. E isso quando eu, como líder do governo, inadvertidamente errei, mas agi a mando. Eu errei mas vou perder o mandato?”.
O senador criticou o andamento do processo que, para ele, foi o “mais célere” que já viu na Casa e reclamou também que a comissão negligenciou documentos importantes do caso. Delcídio foi preso em 25 de novembro. Conversa dele com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, foi gravada e entregue à Justiça.
Nela, Delcídio oferecia ajuda à família e traçava um plano de fuga para o pai de Bernardo como forma de convencê-lo a não contar o que sabia sobre os esquemas de corrupção da Petrobras. Após a prisão, o senador admitiu envolvimento no esquema do petrolão e fechou acordo de delação premiada, implicando 74 pessoas no esquema. Solto em 19 de fevereiro, ele pediu seguidas licenças médicas, a última na semana passada.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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