Petrobras incorpora a refinaria de PE

A falta de caixa da estatal seria o principal entrave para o início das obras da Premium II, no Ceará Com a divulgação do fim da parceria com a Petróleos de Venezuela (PDVSA) no projeto da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a Petrobras deverá se preparar para entrar com um aporte financeiro muito maior do que o previsto. Porém, segundo o consultor da área de petróleo e energia, Bruno Iughetti, o aumento dos investimentos no projeto do outro estado não deve ser o principal entrave para o início da construção da refinaria Premium II, no município de São Gonçalo do Amarante. A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, deixará de existir como empresa para ser incorporada como unidade de negócios da Petrobras FOTO: RODRIGO CARVALHO Isso porque, afirma, “está apenas se formalizando o que era previsto” logo após o início da parceria, em 2007, firmada entre o então presidente Luís Inácio Lula da Silva com o venezuelano Hugo Chávez. “Sabíamos da dificuldade de caixa da Venezuela, que mal conseguia manter o acervo energético do país. É lamentável, do ponto de vista estratégico do Brasil, pois perdemos muito. Mas a Petrobras não pode retroagir e, ao final, tem que levar a término, em um valor seis vezes maior que o primeiro custo previsto”, detalha. Conforme o consultor, a Petrobras “certamente vem fazendo reservas, porque já sabia, com alto grau de certeza, que a Venezuela não iria cumprir com o seu papel”. Segundo ele, o atraso no início do projeto cearense ocorre por falta de caixa da estatal. Ele lembra, porém, que a Petrobras tem entrado no processo de desindustrialização, com recomposição de caixa, ao se desfazer de ativos, no exterior, que não são muito produtivos ou que não estão dando retorno. “Eles estão abrindo mão porque, caso contrário, não é apenas a Premium II que ficará comprometida, mas a exploração do pré-sal e isso é algo que não podemos imaginar, já que representa a expectativa de auto suficiência definitiva de petróleo e seus derivados”, analisa. A informação do fim da parceria, com data marcada para 1° de novembro, foi divulgada ontem pelo jornal Valor Econômico. A publicação lembrou que a atual presidente da estatal, Graça Foster, já havia classificado o projeto como “um exemplo a não ser seguido”. Em maio deste ano, inclusive, ela afirmou que a refinaria de Pernambuco aconteceria mesmo sem a PDVSA. Segundo o jornal, Abreu e Lima deixará de existir como empresa para ser incorporada como unidade de negócios da Petrobras. Com um aporte inicial de US$ 2,5 bilhões, a previsão é de que sejam necessários um total de US$ 17 bilhões, além dos quatro anos de atrasos para a construção. Procurada pelo Diário do Nordeste para falar sobre a suposta saída da empresa venezuelana e sobre os impactos no projeto da Premium II, a Petrobras informou que não comenta o assunto. Projeto Bruno Iughetti afirma que, ao assumir o projeto, a estatal não levou em consideração alguns pontos-chave como: a expectativa do mercado internacional, a qualidade do produto, o preço de logística e o preço final da produção – sendo penalizada ainda mais pela indisponibilidade do caixa. Cid prevê outras parcerias O governador Cid Gomes, informou, na manhã de ontem, que ainda está aguardando agenda da presidente da estatal, Graça Foster, para tratar sobre a Premium II. “Estamos aguardando um contato com a Graça (Foster) para rever os passos a partir daquela decisão da GS Energy de não participar mais do empreendimento”, disse. Ele ressaltou, porém, que existe a possibilidade de serem firmadas outras parcerias. “A Petrobras sempre trabalhou com duas hipóteses: ou montar o empreendimento diretamente, exclusivamente – nesse sentido a informação que tenho é de que ela passou um trator para a planta industrial – e a alternativa de parceiros. A própria Petrobras tem outros contatos que vou procurar saber”, afirmou a jornalistas, durante a Feira Internacional de Calçados e Artefatos – Norte Nordeste (Ficann). Procurada para falar sobre a data da próxima reunião de Foster com o governador e sobre as possíveis parcerias para a Premium II, a Petrobras também informou que não comentaria. GABRIELA RAMOS REPÓRTER Fonte: Diário do Nordeste