Grupos de Mulheres que fazem parte do Projeto a Força da Mulher Pacatubana executado pelo Grupo Cearah Periferia em parceria com o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar) e Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos de Pacatuba, com financiamento da União Europeia- UE, receberam na última segunda, 13 de maio, visita para acompanhamento das atividades desenvolvidas através do projeto.
A visita ocorreu na aldeia indígena Pitaguary, no distrito pacatubano de Monguba. O acompanhamento foi realizado pela monitora designada Aline Afonso, representante da União Europeia.
O Projeto A Força da Mulher é uma iniciativa que visa contribuir com o fortalecimento político e econômico de grupo de mulheres no interior do Ceará, ao mesmo tempo em que também favorece o desenvolvimento local sustentável, geração de renda e garantia de direitos sociais.
Este projeto atua além de Pacatuba, nos municípios de Quixadá e Ocara.
A Força da Mulher tem o objetivo inicial de capacitar, diretamente, mulheres para a atuação política qualificada e em prática de geração de renda, baseadas em grupos comunitários organizados e/ou empreendimentos coletivos solidários nos municípios contemplados.
Além da monitora da U.E, participaram da visita, a Coordenadora do Cearah Periferia, Marta Sileda, a secretária da mulher Jaira Rocha, a secretária executiva Veridiane Maria Cruz Chaves, monitoras sociais do Cearah Periferia.
Conforme Aline Afonso, da UE, nem sempre a entidade financiadora tem a noção de como o projeto está sendo desenvolvido, e também queremos ouvir sugestões, para que se houver tempo e possibilidade, seja implementado dentro do Projeto.
A Secretária Jaira Rocha, afirmou que quando assumiu a pasta da mulher, ficou surpresa com o alto índice de violência contra a mulher no município.
“É um número bastante elevado de mulheres que sofrem violência doméstica e um projeto como esse é muito importante na escuta e na oferta de informações e condições que vem ajudando libertar as mulheres deste cativeiro físico, social e psicológico, trabalhamos com pessoas que demonstram querer mudar a realidade em que vivem”, comentou a secretária.
Várias beneficiárias falaram das mudanças que o projeto levou para suas vidas, reforçando a importância de sua execução.
Dona Ana, uma das beneficiárias afirmou que foi surpreendente descobrir o Projeto a Força da Mulher que segundo ela, vem tirando muitas mulheres do “fundo do poço”.
“Gosto de tudo, interagimos, trocamos experiência e temos a oportunidade de conhecer outras mulheres de municípios vizinhos que tem uma realidade parecida, é muito bom”, afirmou à beneficiária.
Dona Marlene, trabalhava como costureira quando descobriu que estava perdendo a visão em um dos olhos o que impossibilitou de continuar exercendo sua profissão e disse após um período turbulento em sua vida foi “resgatada” pelo projeto.
“O Força da Mulher foi um divisor de águas em minha vida. Houve um momento que pensei que não iria ter forças para continuar. Quando entrei no projeto, me senti viva, voltei à ativa e hoje bordo, faço tapetes artesanais, flores de tecido, enfeites de cabeça e vendo. Todos os dias saio para vender. Entendi que estou viva e enquanto houver vida estou na luta”, concluiu Marlene.
Outro depoimento foi da beneficiária Suely que disse que o Força da Mulher veio em boa hora em sua vida e despertou a vontade de ser uma mulher viva.
“Quando a gente vive só na realidade casa/pratos, a gente se apaga, perde a noção do valor que temos. O projeto me despertou para outra realidade bem melhor”, pontou a dona de casa.
A índia Júlia Pitaguary contou como o projeto trouxe mais força para as mulheres indígenas.
“Aprendemos ainda mais sobre nossos direitos, deveres e que não devemos calar nunca, mesmo diante de grandes adversidades. Recentemente encabeçamos um grande protesto contra a reabertura de uma pedreira em nossas terras, e se for ver, quem estava na linha de frente era as mulheres aqui da aldeia”, lembrou Júlia.
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