Início de cobrança gera dúvida entre usuários do Metrô

Por conta das filas no primeiro horário de embarque, em até duas semanas, segundo a administração do Metrofor, haverá uma ampliação do número dos bilheteiros. O objetivo é dar agilidade ao serviço FOTO: JOSÉ LEOMAR
Por conta das filas no primeiro horário de embarque, em até duas semanas, segundo a administração do Metrofor, haverá uma ampliação do número dos bilheteiros. O objetivo é dar agilidade ao serviço
FOTO: JOSÉ LEOMAR
A Linha Sul do Metrô de Fortaleza começou a operar comercialmente ontem. Mesmo com a cobrança de passagens e o horário ampliado, segundo a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), não houve nenhum registro de incidentes. Alguns passageiros reclamaram apenas do horário de operação, enquanto outros disseram que não sabiam da cobrança do serviço desde ontem. A estimativa é que utilizem o metrô cerca de 15 mil pessoas por dia (dado registrado na última terça, quando o Metrô operou no horário ampliado, mas sem cobrança do serviço). No Conjunto Esperança, o educador físico Jackson Mendes voltava para casa, em Maracanaú. Ele conta que sentiu dificuldade mais cedo, às 6h30, quando houve fila e aglomeração para pegar a primeira partida, às 6h43. “Eu acho que deveriam abrir mais cedo. Temos menos de 15 minutos para comprar o bilhete e embarcar”. Jackson reconhece que o serviço modificou a rotina dos usuários, que antes perdiam uma hora e meia em dois ônibus e agora gastam 20 minutos de Maracanaú ao Conjunto Esperança. A babá Simone Felício voltou da catraca ao saber quer teria que pagar a passagem. “Vou para Messejana. Para mim, não compensa, porque terei que pegar um ônibus de qualquer jeito. E, como não tem integração, acaba saindo mais caro. É o jeito pegar dois ônibus. Demora mais, mas sai mais barato”. Usuária há quase dois anos do Metrô, a agente de saúde Verônica Bessa já se acostumou a fazer o percurso de Maracanaú ao Centro em 30 minutos. Ontem, ela estava feliz porque iria fazer pela primeira vez o percurso inverso. “Para mim, é muito bom porque, mesmo pagando a passagem agora, eu ainda economizo. A passagem de Maracanaú para cá é R$2,85. Além disso, eu gastava uma hora e 20 minutos para chegar ao destino, agora são só 30 minutos”.   Serviço A dona de casa Joana Brito foi pega de surpresa com a cobrança. Ela teve que pagar a passagem na estação, no Mondubim, e, como não sabia que teria que desembolsar pelo serviço, acabou deixando o marido lá. “A gente não estava preparado. Aí ele ficou e eu vim resolver as coisas. Mesmo assim, prefiro o Metrô. Consegui chegar ao Centro, resolver as coisas e já estou voltando em menos de duas horas. Antes, só para chegar, eu gastava uma hora e meia”. Alguns idosos reclamaram porque foram orientados a pegar na Estação Central Chico da Silva (Centro) vales para poder utilizar o metrô de forma gratuita. A aposentada Alfa Lima disse que foi pega de surpresa, mas que conseguiu embarcar apresentando apenas a carteira de identidade. “Eles me liberaram, mas eu acho que deveria ser só apresentar a carteirinha. É muito contramão ficar pegando esses vales todo mês”. O Metrofor informou que os idosos só precisam apresentar a carteira de identidade para a gratuidade do serviço, pelo menos até a implantação de um novo controle. “A gente viu que estava sendo muito penoso para os idosos e resolvemos reverter essa ação de pegar os vales”, afirmou a assessoria. Em relação às filas no primeiro horário de embarque, em até duas semanas haverá uma ampliação do número dos bilheteiros. O objetivo é dar agilidade ao serviço. O Metrô funciona, desde onde, das 6h30 às 19h, de segunda a sábado. Os usuários pagam o valor de R$ 2,20 pela passagem inteira e R$ 1,10 pela meia. Conforme o Metrofor, está em fase de licitação a compra de equipamentos para implantar a segunda fase da operação comercial, que compreende a integração com o bilhete único. Passageiros lotam vagões  no fim do dia Ao fim da tarde do primeiro dia de operação comercial do Metrô de Fortaleza, o fluxo de pessoas que iam do Centro a Maracanaú era intenso. Com vagões cheios partindo da estação inicial, a Chico da Silva, no Centro, dezenas de pessoas já esperavam na parada seguinte, a José de Alencar. A ansiedade em estrear o novo horário do serviço já era sentida pelos usuários, assim como o trabalho dos seguranças que guiavam com apitos a disposição das pessoas de acordo com a faixa de segurança. Quem esperava pelos vagões já calculava os benefícios do novo modal. “Esta é a primeira vez que uso o metrô. Estou testando para ver se vai ser vantajoso para mim, pois moro cerca de um quilômetro depois da última estação, então vou ter que completar o caminho andando. Mesmo assim, devo chegar ainda mais rápido do que se fosse de ônibus”, relata Francisvaldo Bezerra da Silva, auxiliar de informática. “Sempre faço esse trajeto até Maracanaú. Já usava o metrô pela manhã, enquanto ele estava em teste. Agora que funciona à noite, vai facilitar ainda mais a minha vida”, comenta a garçonete Susana da Silva. Críticas Mesmo animados pela possibilidade de encurtar o tempo entre as distâncias corriqueiras, os usuários já apontavam melhorias que poderiam ser feitas no novo meio de transporte. “Deveria haver mais vagões, pois ele já está indo muito cheio. Além disso, não tem muitos lugares onde a gente possa segurar e os apoios no teto são muito altos”, reclamou a cozinheira Socorro de Freitas. ANÁLISE Viagem de volta ao sonho de infância Ainda na infância, lembro de ver na televisão as propagandas que anunciavam o Metrô de Fortaleza. Em seguida, pedia à minha mãe para que me levasse ao transporte tão logo estivesse pronto. Ontem, 15 anos depois, pude finalmente realizar meu desejo. Não foi a primeira vez num modal do tipo, mas agora a animação gráfica que via quando criança tomava formas reais. Na estação, dezenas de usuários compartilhavam a mesma ansiedade. Entretanto, é notável que uma série de medidas que poderiam dar mais agilidade aos passageiros não foram implantadas, como mapas nas estações e uma segurança maior que a faixa no chão. Até o sotaque paulista anunciando as paradas se distancia do nosso acento característico. Ainda assim, o alívio de ver o novo modal surgindo na cidade se renova ao perceber as filas de engarrafamento das janelas velozes do metrô. Ranniery Melo Repórter Karine Zaranza / Ranniery Melo Repórteres Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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