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Rosa da Fonseca, ex-vereadora e ex-presa política, morre aos 73 anos

Rosa da Fonseca, militante presa na ditadura militar em Fortaleza. — Foto: TVC/Reprodução

Rosa da Fonseca, ex-vereadora de Fortaleza e ex-presa política na ditadura militar, morreu nesta quarta-feira (1º), aos 73 anos, segundo o grupo Crítica Radical — fundado por ela. Ela nasceu em Quixadá, município do interior do Ceará, em 24 de abril de 1949.

“É com profundo pesar que informamos o falecimento da nossa querida Rosa Fonseca. Em breve daremos mais informações acerca do velório e sepultamento”, publicou a conta da Crítica Social nas redes sociais.

Rosa Maria Ferreira da Fonseca Nascimento ficou famosa como militante do movimento estudantil na época do regime militar, sendo inclusive presa política. Ela era estudante de ciências sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC). Após ser presa, ela não pôde continuar a graduação.

Eleita vereadora de Fortaleza em 1992, Rosa foi a segunda mais votada no pleito municipal. Ela concorreu pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). A militante fundou, antes de ser parlamentar, o grupo Crítica Radical

“O grupo contestatório conhecido como Crítica Radical surgiu em Fortaleza, a partir de 1979 quando foram isolados pela direção do PCdoB. O grupo era muito afinado com os movimentos sociais marginalizados pelos poderes públicos municipais e estaduais”, relatado no livro “Rosa da Fonseca: a Rosa que fala e luta”, do jornalista Aurísio Cajazeiras Gomes.

“Era formado por intelectuais de esquerda liderados por Rosa da Fonseca, Jorge Paiva, Célia Zanetti e Maria Luiza Fontenele começa a fazer a diferença da ética na política, nas reivindicações populares, contra todo o tipo de violência, pelas liberdades de manifestações e na luta pela anistia”, complementa o livro.

Políticos lamentam morte

A governadora do Ceará, Izolda Cela, usou as redes sociais para prestar homenagem à Rosa. “Recebi com muito pesar a notícia da morte da professora e ex-vereadora Rosa da Fonseca. Mulher de luta, foi representante de movimentos sindicais e sempre guiou sua atuação pela igualdade dos direitos aos mais necessitados”, publicou a chefe do Executivo estadual.

“Além disso, desafiou a Ditadura Militar com muita bravura. Meus sentimentos a todos os familiares, amigos e admiradores de Rosa da Fonseca”, complementou Izolda.

O ex-governador Camilo Santana também publicou. “Foi com imenso pesar que recebi a notícia da morte de Rosa da Fonseca. Professora e ex-vereadora de Fortaleza, Rosa foi exemplo de luta e resistência, tendo enfrentado, com sua coragem, a Ditadura Militar, período mais difícil do nosso Brasil. Meus sinceros sentimentos à família e amigos”, desejou.

O vereador de Fortaleza, Guilherme Sampaio, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) na capital, também lamentou a morte. “Compartilhamos o sentimento de pesar com os milhares de militantes que sempre encontraram na Rosa um baluarte de força, resistência e compromisso radical com a emancipação humana. Nosso abraço aos militantes da Crítica Radical em nome do PT Fortaleza”, comentou o parlamentar.

“Rosa sempre foi e será inspiração para aqueles que fazem militância estudantil, política e lutam por uma nova alternativa possível de melhoria de vida para o povo. A vida de Rosa se confunde com a luta dos povos oprimidos e pela construção de criticas contundentes ao capitalismo, razão pela qual lutava veemente por sua superação”, complementou o vereador.

Outro vereador de Fortaleza que lamentou o falecimento de Rosa da Fonseca foi Evaldo Lima. “”Mulher de sonhos e de lutas pela emancipação humana. A Rosa brotou no sertão do Quixada e, ao contrário do que cantou Cartola na canção ‘As Rosas não Falam’, Rosa da Fonseca não se fez no silêncio. Rosa fez a crítica radical ao capitalismo, fetiche da mercadoria e fez da sua vida o estandarte da libertação”, publicou o parlamentar.

Zeudir Queiroz