As facções criminosas, que há anos têm se consolidado como uma força paralela em diversas regiões do Brasil, agora estendem seu controle para o cenário político, especialmente no estado do Ceará. Durante o período eleitoral, essas organizações não apenas continuam suas atividades ilícitas, como também intensificam suas ações de intimidação contra candidatos, cobrando pedágios exorbitantes e utilizando o medo como arma para moldar o cenário político local.
Em uma investigação realizada pelo jornal O Globo, foi revelado um caso alarmante ocorrido no município de Sobral, no interior cearense. Um candidato, que preferiu manter sua identidade em sigilo, relatou ter sido abordado por um emissário de uma facção criminosa enquanto realizava campanha em uma área periférica da cidade. Segundo o candidato, que atualmente é vereador e busca reeleição, ele estava em um bar conversando com eleitores quando uma pessoa desconhecida se aproximou e entregou um recado ameaçador: ele deveria deixar imediatamente o local.
A intimidação foi clara e imediata. O candidato, percebendo o risco envolvido, decidiu se retirar prontamente, ainda que estivesse acompanhado de cerca de 20 pessoas, todas em silêncio diante da situação. Dias depois, a situação escalou ainda mais. Um representante de sua campanha foi procurado por um integrante do grupo criminoso, que exigiu o pagamento de R$ 60 mil para que o candidato pudesse continuar a fazer campanha na área dominada pela facção.
As exigências, no entanto, variam de acordo com a “importância” do candidato. Para os que estão iniciando na política e não possuem mandato, o valor da extorsão seria de R$ 30 mil. Em ambos os casos, a ameaça de violência era explícita: o não pagamento poderia resultar em ataques diretos ao candidato e sua equipe, servindo como exemplo para outros postulantes que ousassem desafiar o domínio da facção.
Esses episódios revelam um cenário preocupante, onde a democracia é ameaçada pela atuação de facções criminosas que não apenas controlam territórios, mas também tentam influenciar o processo eleitoral. Candidatos são forçados a lidar com o medo e a extorsão, enquanto tentam levar suas propostas aos eleitores. A situação levanta questões urgentes sobre a segurança pública e a integridade das eleições no estado, onde a força das facções parece cada vez mais difícil de ser contida.
Diante desse cenário, é crucial que as autoridades intensifiquem as ações de combate às facções e ofereçam garantias de segurança aos candidatos, assegurando que a vontade popular possa ser expressa nas urnas sem interferências criminosas. O desafio é grande, mas a preservação da democracia e do estado de direito exige respostas firmes e imediatas.
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Com informações do Gcmais
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