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A capacidade do Município para efetivar os compromissos dos que pretendem ser prefeito é discutível
Fortaleza precisa muito mais que cuidados com a saúde, com a educação e com a mobilidade urbana ou com planejamento, elemento essencial a todas as atividades humanas, sobretudo na administração pública. A Capital cearense, urgentemente, reclama um choque de gestão, uma ação impactante em todas essas áreas questionadas pelos atuais candidatos a prefeito desta cidade reanimando as esperanças de tantos quantos necessitam, com maior ou menor intensidade dos serviços que devam ser prestados pelo Município.
Falar de solução para as questões da saúde, um dos problemas que mais afligem a população mais carente, sempre atrai a atenção do eleitor, apesar da descrença que irradia os discursos dos candidatos, idem em relação à escola pública, de algumas décadas para cá, sempre de má qualidade e inconstante, também pelas sucessivas greves de seus professores, assim como tratar de mobilidade urbana, expressa da moda para se reportarem às deficiências do transporte público e da falta de aberturas de ruas e avenidas para acompanhar o crescimento da população e de suas necessidades no mundo moderno.
Parte dos candidatos a prefeito de Fortaleza, momentos antes do primeiro debate que aconteceu em Fortaleza, promovido pela TV DN FOTO: ALEX COSTA
Complexidade
Há, no rol dos candidatos que neste ano disputam a sucessão municipal da maior cidade do Estado, embora os partidos não tenham preparado quadros para a nobre e importante missão de gerir os destinos da Capital com mais de 2,5 milhões de habitantes, alguns bons nomes, bem intencionados, mas só com conhecimentos empíricos da realidade da máquina, o monstro que encerra um mundo de complexidade, lenta, burocrática e muito limitada no tocante à sua capacidade de fazer os investimentos de há muito reclamados para oferecer uma melhor qualidade de vida a seus habitantes.
O debate, na última quinta-feira, promovido pela TV DN, a parte virtual do Diário do Nordeste, pelo universo de audiência que registrou e seu pioneirismo no universo da comunicação no Ceará, foi o primeiro momento para que os fortalezenses conhecessem algumas das ideias e propostas de soluções para os principais problemas da cidade, por eles próprios elencados.
Claro que as limitações impostas pelo modelo desse tipo de evento realizado no Brasil, até por culpa dos próprios candidatos, não permite aos participantes explicitarem melhor seus projetos para os diversos setores da administração e nem como eles seriam executados.
Talvez por isso, ou mesmo por não lhes interessar, ninguém quer dizer das dificuldades orçamentárias do Município, dependente das transferências feitas pelo Governo Federal e o Estado, no relativo ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), respectivamente.
Dependendo
Falta a Fortaleza uma forte arrecadação própria do Imposto Sobre Serviços (ISS), sem falar no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Ficar dependendo do FPM é continuar pobre em investimentos na sua infraestrutura. Agora mesmo, com as dificuldades na economia brasileira e as decisões do Governo Federal em reduzir alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados, uma das bases da formação do bolo do FPM, todos as cidades brasileiras vão sentir a queda nessas transferências.
E o mesmo acontece na parte referente ao ICMS, a transferência feita pelo Estado aos municípios. Recentemente Fortaleza perdeu recursos, embora em pequena quantidade, em razão de não ter cumprido a meta estabelecida pela Lei do ICMS na parte referente à escola pública.
E para o Poder Municipal arrecadar mais ISS é preciso cuidar melhor da educação, da saúde, da mobilidade urbana, mas terá que avançar na criação de meios para termos a indústria dos serviços, base única da origem desse próprio municipal, onde se destaca o tão falado viés do turismo, um setor hoje benéfico ao Estado do Ceará, mas pouco rentável para o ponto que é a porta de entrada de todos os turistas chegados ao nosso Estado.
Ação política
O próximo prefeito de Fortaleza não pode ser tímido como têm sido os governantes municipais das duas últimas décadas no tocante a cobrar ações mais efetivas dos deputados federais e senadores na busca de liberações de recursos do Governo Federal, além da intervenção direta do próprio prefeito, com a autoridade de administrador de uma das cinco maiores capitais brasileiras junto à União e ao Governo do Estado, visto a existência de um expressivo volume de recursos federais disponíveis para obras de infraestrutura que só dependem da existência do projeto de qualidade, e da força política de quem o apresenta.
A timidez dos governantes, aliada à subserviência política em certos momentos, têm prejudicado muito a cidade de Fortaleza quanto a participar da distribuição dos recursos do País para avançar em busca do progresso. Esse quadro deve ser extirpado pelo próximo prefeito.
EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA
Diário do Nordeste