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Tarifa dos EUA sobre o aço pode impactar economia do Ceará e reduzir arrecadação estadual

Foto: Reprodução

O Ceará, um dos principais exportadores brasileiros de aço, enfrenta grande incerteza em 2024 após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% sobre a importação do produto. A medida pode ter efeitos negativos diretos na economia cearense, que exportou aproximadamente R$ 545 milhões em aço no ano passado, sendo R$ 438 milhões apenas para os EUA, seu principal mercado.

Especialistas alertam que essa política tarifária pode resultar em uma queda de R$ 100 milhões na arrecadação de ICMS no estado, além de afetar empregos e investimentos no setor siderúrgico.

Impactos da medida na economia cearense

O economista Igor Lucena alerta para os desdobramentos da nova política de tarifas sobre o setor produtivo do estado. Segundo ele, a queda na demanda externa pode resultar em uma redução na produção, gerando demissões e retração na cadeia produtiva do aço.

“Se a demanda externa cai, temos uma produção reduzida, o que implica menos atividade produtiva. Isso pode levar a demissões e afetar toda a cadeia produtiva do aço, desde fornecedores de máquinas e equipamentos até a exploração do minério de ferro”, explica o economista.

Outro reflexo preocupante é o aumento do preço do aço no mercado internacional, tornando o produto brasileiro menos competitivo. Esse fator pode impactar o custo de equipamentos e insumos que utilizam aço, como automóveis, eletrodomésticos e materiais de construção, pressionando a inflação no Brasil.

Alternativas para reduzir impactos

Diante do cenário desafiador, o Brasil pode optar por diferentes estratégias. Uma delas seria retaliar os EUA com tarifas sobre produtos norte-americanos. No entanto, Lucena acredita que essa não seria a melhor solução neste momento.

“Já existem tarifas muito altas sobre diversos produtos importados dos Estados Unidos, e novas medidas protecionistas não impediriam uma queda nos empregos e na atividade econômica”, argumenta.

A abordagem mais sensata, segundo ele, seria buscar uma solução diplomática, negociando com os EUA uma redução dos impostos sobre produtos estratégicos para o Brasil. Essa estratégia evitaria uma escalada de guerra comercial e protegeria setores industriais brasileiros afetados pela decisão de Trump.

Repercussões globais e desafios para o Brasil

A política tarifária de Trump faz parte de suas promessas de campanha para fortalecer a indústria norte-americana. No entanto, suas medidas impactam não apenas o Brasil, mas também países como China, Canadá e México, gerando tensões no comércio internacional.

O Brasil, como segundo maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, está particularmente exposto aos efeitos dessas tarifas. O governo federal ainda não anunciou uma resposta oficial à medida, mas precisará agir com cautela e estratégia para minimizar os impactos econômicos – principalmente em estados como o Ceará, que têm na exportação de aço um dos pilares de sua economia.

Nos próximos meses, o setor siderúrgico cearense acompanhará de perto as negociações entre os governos de Brasil e EUA, enquanto busca alternativas para manter sua competitividade no mercado internacional.

Zeudir Queiroz