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Polícia Federal pede ao STF para Lula ser ouvido

Em seu relatório, o delegado da PF reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula. O ex-presidente está na Argentina e disse não ter sido informado oficialmente do pedido ( FOTO: RICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULA )
Em seu relatório, o delegado da PF reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula. O ex-presidente está na Argentina e disse não ter sido informado oficialmente do pedido ( FOTO: RICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULA )

São Paulo e Brasília. Em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (10), o delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo de Sousa solicitou que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido em inquérito no Supremo que trata de parlamentares com foro privilegiado como desdobramento da Operação Lava-Jato.

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A informação foi divulgada ontem pela revista “Época” e confirmada pela Folha de São Paulo. O pedido primeiro será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Pelas regras em vigor no STF, os pedidos da PF só são avaliados pelo ministro relator dos processos da Lava-Jato, Teori Zavascki, depois de uma manifestação formal do procurador-geral, Rodrigo Janot. Se o titular da PGR for contra ouvir Lula, o ministro do STF não irá autorizar o depoimento.

Em seu relatório, o delegado da PF reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula. Mas considera que a investigação “não pode se furtar” a levantar se o ex-presidente foi ou não beneficiado “pelo esquema em curso na Petrobras”.

O delegado cita que o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa “presumem que o ex-presidente tivesse conhecimento do esquema de corrupção”, tendo em vista “as características e a dimensão do mesmo”. Mas frisa que ambos não dispõem de elementos concretos que impliquem participação direta do então presidente Lula (2003-2010).

Paulo Roberto Costa afirmou em um dos depoimentos que “em razão da envergadura do esquema de corrupção montado na Petrobras, acha muito pouco provável que tanto Lula quanto Dilma não tivessem conhecimento do mesmo”. Um pouco antes, porém, no mesmo depoimento, Costa reconheceu que “jamais tratou” com Lula ou com Dilma de vantagens indevidas.

Nos depoimentos, Youssef também não ofereceu provas objetivas sobre o suposto papel de Lula. Ele disse que “tanto a presidência da Petrobras quanto o Planalto tinham conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal”.

Logo em seguida, no mesmo depoimento, o doleiro reconhece “não dispor de nenhum elemento concreto que permita confirmar tal suposição”.

A investigação que tramita no STF não tem qualquer relação com outro procedimento aberto no Ministério Público do Distrito Federal que apura a suposta participação de Lula na concessão de empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a Odebrecht, uma das empresas que, segundo as investigações, integraram cartel na Petrobras.

A PF não faz nenhuma imputação às autoridades e aos políticos, mas entregou ao STF planilha com nomes dos alvos da Lava-Jato, e a “situação” de cada um.

Além de Lula, o delegado quer que sejam ouvidos petistas como Rui Falcão, presidente do partido; José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, ex-presidentes da Petrobras; José Filippi Jr., ex-tesoureiro das campanhas de Lula e Dilma, e os ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e José Dirceu.

O delegado também pediu que sejam ouvidos outros políticos do PMDB e do PP, como os ex-ministros Francisco Dornelles e Mario Negromonte.

Outro lado

Em visita a Buenos Aires, Lula afirmou ontem que não foi informado do pedido feito pela Polícia Federal.

“Não sei como comunicaram a você e não me comunicaram. É uma pena”, declarou ontem o ex-presidente.

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz