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PF investiga conexões de bolsonarista com grupos extremistas em atentado ao STF

Polícia Federal reconstrói os passos de Francisco Wanderley Luiz até a detonação das bombas próximo ao Supremo Tribunal Federal. Isso levará à conclusão se o extremista agia por conta própria ou contava com cobertura para perpetrar o crime

Corpo de Francisco Wanderley é retirado da frente do STF. Filho do extremista está em Brasília para tentar liberá-lo e sepultá-lo em Rio do Sul – (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A investigação conduzida pela Polícia Federal sobre o bolsonarista Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, busca elucidar se ele agiu sozinho ou contou com o apoio de grupos extremistas na preparação e execução de um atentado na Praça dos Três Poderes. O caso ganha contornos graves à medida que detalhes sobre suas ações, conexões e planejamento emergem.

Rastros de um plano meticuloso

Francisco foi flagrado em diversas ocasiões que indicam um planejamento cuidadoso. Antes do atentado, ele adquiriu R$ 1,5 mil em fogos de artifício em Ceilândia, pagos em duas parcelas com cartão de débito. Durante as compras, demonstrou nervosismo e recusou a emissão de nota fiscal, comportamento que chamou a atenção do vendedor e agora faz parte das investigações.

Além disso, o extremista alugou um trailer no estacionamento do anexo IV da Câmara dos Deputados, onde a PF encontrou explosivos. A localização estratégica do veículo, próxima ao Supremo Tribunal Federal (STF), sugere uma preparação de médio a longo prazo. Imagens de câmeras de segurança mostram Francisco circulando pela Câmara dos Deputados no dia das explosões, levantando a suspeita de que ele planejava ataques simultâneos ao STF e à Câmara.

Evidências digitais e conexões políticas

Os investigadores já acessaram o celular do suspeito e trabalham na análise de mensagens, buscas na internet e redes sociais. Uma selfie no plenário do STF, publicada em agosto com a legenda “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, reforça a hipótese de premeditação.

Francisco também tinha conexões políticas. Ele foi visto em 2023 no gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), com quem mantinha contato devido à sua atuação na política local em Rio do Sul, Santa Catarina. No encontro, o deputado relatou um comportamento emocionalmente instável do suspeito.

Linha do tempo e motivações

Francisco morava em uma quitinete em Ceilândia há pelo menos três meses e esteve em Brasília em outras ocasiões, incluindo o período de acampamentos antidemocráticos no início de 2023. A ex-mulher revelou que o principal alvo de Francisco era o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF.

Com os avanços na análise dos dados obtidos, a PF espera determinar se Francisco agiu sob influência de grupos extremistas na deep web ou se teve apoio logístico de outros indivíduos.

Próximos passos

A quebra dos sigilos telefônico, fiscal e telemático deve trazer mais respostas. Para o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, os indícios até agora apontam para a gravidade e complexidade do caso, que pode estar conectado a outros episódios de violência política no país.

Com informações do Correio Brasiliense

Zeudir Queiroz