Novas revelações mostram detalhes sobre um plano de golpe de Estado apresentado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O documento, entregue por Filipe Garcia Martins, assessor presidencial para Assuntos Internacionais, e pelo advogado Amauri Feres Saad, delineava um decreto que visava impedir a posse do governo eleito, usando uma ruptura institucional para justificar a instauração de um Estado de Defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O objetivo seria criar uma Comissão de Regularidade Eleitoral para “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral”, culminando na realização de novas eleições.
A Minuta do Golpe
A proposta inicial incluía medidas drásticas, como a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Porém, Bolsonaro teria alterado a minuta, restringindo a ordem de prisão apenas ao ministro Alexandre de Moraes.
A Busca por Apoio Militar
Com o texto revisado, Bolsonaro teria convocado uma reunião no Palácio da Alvorada, no dia 7 de dezembro de 2022, com os comandantes das Forças Armadas. Durante o encontro, Filipe Martins apresentou o plano, mas o projeto não obteve a adesão esperada dos militares.
Persistindo em seus esforços, Bolsonaro teria chamado, dois dias depois, o então comandante do Exército Brasileiro, o general Estavam Theóphilo, para uma reunião reservada na residência oficial. Durante esse encontro, o ex-presidente teria solicitado apoio explícito para a execução do golpe. Relatos indicam que Theóphilo teria concordado em participar do esquema.
Execução do Plano
De acordo com o documento, o general Estavam Theóphilo assumiria a responsabilidade pela prisão — ou execução — de Alexandre de Moraes, planejada para o dia 15 de dezembro de 2022. No dia seguinte, seria instaurado um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, composto majoritariamente por militares e liderado pelos generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, com a participação de Filipe Martins.
Esse grupo ficaria encarregado de gerenciar a transição para o novo regime e manter a ordem durante o processo de reestruturação governamental.
Repercussão e Falhas no Plano
Apesar das articulações, o plano encontrou resistência interna, mesmo entre aliados do ex-presidente. O despreparo para lidar com o impacto político e social de tal medida, além da ausência de apoio unânime nas Forças Armadas, inviabilizou a execução do golpe.
Os novos detalhes aumentam a pressão sobre os envolvidos, especialmente após o indiciamento de Bolsonaro e outros 36 nomes pela Polícia Federal. As investigações continuam, enquanto documentos e relatos fornecem uma visão mais clara dos bastidores da tentativa de subverter o processo democrático no Brasil.
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