A um dia do início da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara, prevista para hoje, a maioria dos deputados federais do Ceará se disse contra a medida. Entre os 22 parlamentares, apenas três são abertamente favoráveis ao texto que altera o regime de aposentadorias (veja quadro ao lado).
Dos deputados cearenses que não responderam se votarão contra ou a favor do relatório de Samuel Moreira (PSDB-SP), seis não foram localizados. Procurado, o tucano Roberto Pessoa foi o único a dizer que não revelaria antes como se posiciona em relação à proposta, mas somente no dia da votação.
Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reuniu-se com líderes de partidos para começar a montar o calendário de apreciação da medida no plenário. A intenção de Maia é aprovar a reforma em dois turnos até o fim da semana.
São necessários 308 votos para que a PEC tenha sucesso. Caso isso aconteça, o recesso parlamentar, marcado para o dia 17, pode começar ainda nesta semana. O demista já sinalizou ter cerca de 330 votos pró-reforma.
Para acelerar o trâmite da proposta que modifica a Previdência no Brasil, a Casa realizou duas sessões nessa segunda-feira e programou outras duas para amanhã. Segundo deputados da base aliada, o objetivo é fazer correr o prazo regimental para entrar no mérito da proposta hoje ainda e prosseguir na quarta e quinta-feira.
Deputado federal pelo Ceará e um dos votos contrários à medida, José Guimarães diz que os defensores da PEC previdenciária “estão fazendo bafafá dizendo que têm votos, mas não têm”. De acordo com o petista, trata-se apenas de “jogada de marketing” para pressionar os parlamentares a aderirem ao texto.
“Eles não estão certos nem sobre o conteúdo que vai para o plenário hoje”, acrescentou Guimarães, para quem a oposição conta, de partida, com 150 votos. “Nossa meta é chegar a 200”, calcula. O deputado afirma que a estratégia para barrar a tramitação da proposta é obstruir a sessão e apresentar destaques ao relatório, principalmente os mais polêmicos, que envolvem professores e policiais.
Líder do PDT na Câmara, o deputado André Figueiredo também avalia que o bloco pró-reforma ainda está fazendo a sua contagem. “Pelos nossos cálculos, eles não têm votos suficientes para aprovar”, declarou. O pedetista assinala que a principal arma da oposição agora é a obstrução, mas que o grupo irá “discutir destaques que sejam possíveis de serem aprovados”.
Integrante do Pros, o deputado federal Capitão Wagner admite voto contra o texto-base da reforma. “A gente reconhece que, na comissão especial, alcançamos avanço, como (a retirada do) BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas ainda há alguns pontos que são bem cruéis”, justificou o parlamentar.
Questionado se os colegas de bancada temem eventuais estragos que a aprovação ou a rejeição da reforma da Previdência possam causar em candidatos nas eleições de 2020, o deputado respondeu que “isso acontece na medida em que o voto não é explicado”. E acrescentou: “Temos que votar conforme nossas convicções”.
Antes contrário à reforma, o deputado Genecias Noronha (SD) mudou de posição. “Desde que deixe BPC de fora e aposentadoria rural, voto sim”, relatou o parlamentar ao O POVO. Para Noronha, todavia, a aprovação da medida não é certa. “Está no risco ainda”, analisou.
Heitor Freire, do PSL, minimiza as dificuldades de êxito da proposição. “A oposição, assim como aconteceu na CCJ e na comissão especial, vai repetir o que fez, tentar atrasar os trabalhos com obstruções e debates”, projetou o pesselista. “Mas acredito que vamos alcançar, nos dois turnos, pelo menos 340 votos favoráveis à aprovação da matéria e seu encaminhamento ao Senado.” (leia mais na página 9)
Placar da reforma
Como vota cada deputado federal da bancada de 22 parlamentares do Ceará
Voto sim (3)
Heitor Freire (PSL)
Genecias Noronha (SD)
Jaziel Pereira (PL)
Voto não (13)
André Figueiredo (PDT)
Leônidas Cristino (PDT)
Idilvan Alencar (PDT)
Eduardo Bismarck (PDT)
Robério Monteiro (PDT)
José Guimarães (PT)
Luizianne Lins (PT)
José Airton (PT)
Célio Studart (PV)
Denis Bezerra (PSB)
Capitão Wagner (Pros)
José Airton (PT)
Moses Rodrigues (MDB)
Não responderam
Vaidon Oliveira (Pros)
Aníbal Gomes (DEM)
Junior Mano (PL)
AJ Albuquerque (PP)
Pedro Augusto Bezerra (PTB)
Domingos Neto (PSD)
Roberto Pessoa (PSDB)
Fonte: O Povo Online
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