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Janot denuncia Temer e cúpula do PMDB por desvios de R$ 587 milhões

A menos de uma semana de deixar o cargo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ontem segunda denúncia contra o presidente Michel Temer por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa. Última “flecha” de Janot, ação envolve inquérito do “quadrilhão do PMDB” da Câmara e cita membros da cúpula do Planalto.

Segundo a PGR, bancada do PMDB na Casa montou esquema que trocava propinas por “atos ilícitos” em diretorias indicadas pela sigla em estatais. O grupo teria se beneficiado em até R$ 587 milhões desde 2006, em desvios de órgãos como a Petrobras, Furnas e Caixa Econômica Federal, entre outros.

Baseada em inquéritos da Polícia Federal, denúncia acusa ainda os ministros Eliseu Padilha (Casa-Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha (RJ) e Henrique Alves (RN), o ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA) e o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PR). Com exceção dos ministros, todos os demais estão presos.

Michel Temer também é acusado do crime de obstrução de Justiça, por conta de pagamentos que buscavam evitar delação de Lúcio Funaro à PF. Neste sentido, o presidente é acusado de instigar o empresário Joesley Batista, dono da JBS, a pagar, por meio do diretor Ricardo Saud, vantagens a uma irmã de Funaro. Os três são denunciados neste ponto.

Para que Temer se torne réu, denúncia precisará antes de aval da Comissão de Constituição de Justiça e de dois terços do plenário da Câmara Federal – 342. Ainda assim, o STF deverá se manifestar sobre o caso.

Denúncia paralisada

Logo após veiculação da denúncia, defesa de Temer pediu ao ministro Edson Fachin que a ação não seja enviada à Câmara até a conclusão de julgamento do STF que pode afetar a validade de provas da delação da JBS.

 

“Essa denúncia está calcada em provas que estão sendo contestadas”, diz. O pedido foi acatado por Fachin, que suspendeu a questão até a próxima quarta-feira, quando será retomado julgamento do caso.

O presidente também já sinalizou que irá descumprir “promessa” de exonerar ministros denunciados pelo MPF na Lava Jato, feita em fevereiro. (com agências)

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Na denúncia enviada ao STF, Janot faz longo preambulo histórico sobre o funcionamento do esquema, que chegou a ter participação do PP e PT, mas acabou centralizado pelo PMDB após o impeachment.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse ontem que a denúncia é “muito grave” e admitiu que ação paralisará trabalhos da Casa até a votação.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou a expectativa de aprovação da reforma da Previdência no mês que vem, apesar da denúncia contra Temer. “Nossa expectativa é o prosseguimento normal do cronograma das reformas. Evidentemente que existe algo que já era esperado. Portanto, nossa expectativa é que, sim, no mês de outubro seja votada, por exemplo, a Previdência”, declarou.

 

CARLOS MAZZA

Fonte: O Povo

Zeudir Queiroz