Inflação de maio impacta nas famílias de baixa renda

Supermercado na zona sul do Rio de Janeiro.
O mês de maio apresentou elevação no Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda, apesar da desaceleração percebida em abril. Mesmo com o aumento registrado em todas as classes de renda pesquisadas, as famílias mais atingidas por esse acréscimo foram as de renda muito baixa e que possuem receita domiciliar mensal inferior a R$1650,50. No levantamento, a inflação para esta classe ficou em 0,92%. Já para as famílias de arrecadação mais elevada, entre R$8.254,83 e R$16.509,66, o percentual alcançou a marca de 0,49% no mesmo período. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na última segunda-feira (14). Os setores de habitação e transporte foram os principais responsáveis por esse avanço da inflação. No domicílio, os reajustes da energia elétrica, que ficou em 5,4%, foi um dos focos de pressão inflacionária. A porcentagem foi seguida pela tarifa de água e esgoto e do gás de botijão, que ficaram em 1,6% e 1,2%, respectivamente. No grupo de transporte, os aumentos na gasolina de 2,9%, de 12,9% no preço do etanol e 23,8% do gás veicular influenciaram o resultado. A alta no preço dos medicamentos de 1,3% também impactou no índice. Segundo a autora do estudo e pesquisadora do Grupo de Conjuntura do Ipea, Maria Andréia Lameiras, o resultado superior em maio já era esperado, devido ao reajuste nas contas de energia elétrica, o que pesa muito para as famílias de renda mais baixa. “A gente já sabia que isso ia pesar mais para as famílias de renda mais baixa. Fora isso, houve um pouco do aumento de medicamentos que bateu de novo em maio. Isso fez com que a inflação dos mais pobres ficasse bem mais alta do que a dos mais ricos”, comenta a pesquisadora. Interanual No acumulado entre os meses de janeiro e maio deste ano, tanto o setor de renda mais baixa como o de receita mais alta, registraram inflação de 3%. O número foi o maior nos primeiros cinco meses de 2021, contudo, essa alta foi menor nas classes de renda média e renda média baixa, que apresentaram 3,5% e 3,4%, nesta ordem. No montante interanual, a inflação das famílias de renda muito baixa ficou em 8,9%, enquanto o índice inflacionário para os mais ricos foi menor do que para os mais pobres, fechando em 6,3%. Esse número ainda está sendo impactado principalmente pelas altas de 15,4% nas alimentações em residência e de 11,6% da energia elétrica. A pesquisadora Maria Andréia explica que “embora no ano a inflação entre ricos e pobres esteja muito parecida em 3%, quando a gente olha em 12 meses, a inflação dos mais pobres dá uma acelerada porque saiu da conta maio do ano passado, que foi muito baixa, e entrou agora maio de 2021 que foi muito alta. Então, em 12 meses a inflação das famílias de renda mais baixa acabou dando um salto e bate em quase 9%, enquanto a do outro segmento está girando em torno de 6%”. Cotidiano No dia a dia, as altas da inflação impactam no consumo e lazer de muitas famílias. A promotora de vendas Bruna Ravelly afirma que apesar dela e do marido trabalharem, ela sentiu o impacto dos aumentos constantes, principalmente, nas tarifas de energia elétrica e no preço do botijão de gás. Bruna ainda fala que fez uma escolha entre os meios de transportes que vai utilizar, por conta do preço por litro de gasolina. “Recentemente, eu e meu marido entramos em um consenso, estamos utilizando mais a moto por causa que economiza mais e o carro fica somente para sair com nosso filho”, finaliza. Fonte: https://oestadoce.com.br/
Zeudir Queiroz

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