‘Estou preso por um crime que não cometi’, diz padrasto de Joaquim

Após ser indiciado por homicídio no inquérito que apura a morte do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, em Ribeirão Preto (SP), o padrasto da criança lamentou a acusação da polícia e disse que teve a vida devastada. “Minha família foi destruída. Eu estou preso por um crime que eu não cometi.” Guilherme Longo está preso desde o dia 10 de novembro, quando o corpo de Joaquim foi achado no Rio Pardo, em Barretos (SP). Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a linha de investigação aponta que o técnico em TI é o autor do crime que matou a criança. A mãe do menino, Natália Ponte, que passou 31 dias presa por suspeita de envolvimento na morte do filho, não responderá pelo delito.
  • O padrasto de Joaquim foi indiciado nesta quinta-feira (19) pelo delegado Paulo Henrique Martins de Castro, que chefia as investigações. Segundo Castro, o indiciamento levou em conta três agravantes: a forma como Joaquim foi morto, o motivo fútil do crime e a incapacidade de autodefesa do menino.
As investigações do caso, segundo o delegado, já estão encerradas, mas o relatório final do inquérito só deve ser entregue à Justiça até sexta-feira (20). No relatório, o delegado deve anexar ainda o pedido de prisão preventiva de Longo. O técnico em TI prestou novo depoimento na tarde desta quinta-feira, na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Ribeirão Preto (SP). Ao retornar à Delegacia Seccional de Barretos (SP), onde está preso temporariamente, Longo afirmou que não esperava ser apontado como autor do crime. “Eu imaginava que não fosse indiciado, porque eu sou inocente. Eu fui lá confirmar exatamente o que eu disse desde o começo. Eu não esperava ser indiciado”, afirmou. Sobre a possibilidade de ser levado para uma penitenciária, Longo demonstrou receio. “Eu não sei se a gente fica alguma vez preparado para ir a algum lugar como esse. As pessoas ficam arrependidas quando elas cometem algum erro. Eu talvez tenha o arrependimento de ter saído de casa, de ter voltado a usar droga, mas eu não cometi um crime, eu não estou arrependido de algo que eu não fiz”, disse.
Guilherme Longo, suspeito da morte de Joaquim, diz que não pode se arrepender de algo que não fez (Foto: Carlos Trinca/EPTV)Guilherme Longo foi indiciado pela morte do menino Joaquim (Foto: Carlos Trinca/EPTV)
Trancamento de ação O advogado de defesa de Longo, Antonio Carlos de Oliveira, disse na tarde desta quinta-feira que não concorda com o indiciamento de Guilherme Longo, e que deve recorrer caso a Justiça acate a denúncia da Polícia Civil. “Até o momento não se tem os indícios de autoria [do crime]. Caso o promotor ofereça a denúncia e o poder judiciário venha a receber a denúncia, a defesa imediatamente irá entrar com o habeas corpus no Tribunal de Justiça, visando o trancamento da ação penal”, explicou. Para Oliveira, o resultado das investigações policiais não é suficiente para que a Justiça entre com uma ação penal para jugar o caso. “O que se tem são suposições, presunção, que não pode ser admitida no direito penal, diferente de indícios. Não se tem o dia exato que o menino Joaquim foi morto. Isso não existe nas perícias até então apresentadas. Não se tem a causa da morte. Não se têm os meios utilizados que foi praticado esse crime. Diante disso, a defesa entende que não se tem indícios de autoria”, concluiu.
Joaquim, de 3 anos, foi encontrado morto no rio Pardo, em Barretos, SP (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)Joaquim foi encontrado morto no rio Pardo, em Barretos (Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Entenda o caso Joaquim Ponte Marques foi encontrado morto no dia 10 de novembro, boiando no Rio Pardo. Ele havia desaparecido no dia 5 de novembro da casa onde vivia com a mãe, o padrasto e o irmão, no bairro Jardim Independência, em Ribeirão Preto. Com a conclusão do inquérito, o delegado afirmou que pedirá a prisão preventiva de Longo, para que ele permaneça preso até o julgamento. O padrasto de Joaquim está  detido na Delegacia Seccional de Barretos há 38 dias, desde que o corpo do menino foi encontrado. Nesta quarta-feira (18), o Supremo Tribunal de Justiça negou o pedido da defesa para estender o habeas corpus concedido à Natalia ao padrasto. Natália foi solta da Cadeia Feminina de Franca no dia 11, após cumprir 31 dias de prisão temporária. O habeas corpus concedido à psicóloga foi proferido pelo desembargador Péricles Piza, da 1ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP, considerando que a mãe de Joaquim, em liberdade, não prejudicaria o curso das investigações. O pedido de soltura foi solicitado por um advogado de São Paulo que não atua no caso.
 Fonte: G1
Zeudir Queiroz

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