Eleições 2024

Dilma recebe apoio do PSOL e Aécio distribui cargos para conquistar Marina

Aécio tenta conquistar Marina enquanto Dilma recebe apoio de parlamentares do PSOL
Aécio tenta conquistar Marina enquanto Dilma recebe apoio de parlamentares do PSOL

No segundo dia após as urnas de todo o país proclamarem a necessidade de um segundo turno para que seja eleito o presidente do Brasil, por mais quatro anos, Dilma busca recompor sua base de apoio, voto a voto, com alegrias, como a declaração de voto do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e decepções, como a possível defecção do senador eleito Romário (PSB-RJ) para o adversário Aécio Neves (PSDB).

Caso consiga passar pela barreira do próximo dia 26 e seguir por mais quatro anos como inquilina do Palácio do Planalto, Dilma terá uma vida mais fácil no Parlamento, com a formação da maioria absoluta de cadeiras na Câmara (50% mais um, ou mais de 257 votos) nas eleições de domingo. Juntos, os partidos da base aliada elegeram 304 deputados federais.

Na outra ponta, a coligação de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno elegeu 128 deputados. Ainda que PSB de Marina Silva apoie, em peso, Aécio Neves no segundo turno e um eventual governo tucano, sua base parlamentar chegaria a 180 deputados.

Mas a realidade está longe disso. Nesta manhã, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), uma das coordenadoras da campanha de Marina Silva à Presidência, propôs que o PSB libere o voto de seus filiados no segundo turno das eleições. O partido resolverá a questão ainda esta semana, mas Marina já sinalizou que pode declarar apoio ao tucano Aécio Neves.

– Há grupos no partido que querem Aécio Neves, outros que pretendem apoiar a Dilma. Tomar uma posição única seria ruim, dividiria o partido. O melhor seria liberar para que cada militante, filiado ou dirigente, possa tomar a sua decisão – pondera a ex-prefeita de São Paulo.

Caso prevaleça a sugestão, Erundina pretende manter-se neutra, sem declarar voto ao tucano ou à petista.

– Nós temos que ser minimamente coerentes. Sem o que, não vale a pena. Nem Aécio nem Dilma. Nós não dissemos o tempo inteiro, na campanha, que queríamos mudança? Não propúnhamos o tempo inteiro o fim da polarização? – interroga.

Loteamento de cargos

A campanha do tucano Aécio Neves, porém, não quer saber de neutralidade e pretende usar dos artifícios de que dispõe para atrair os votos da ex-adversária. Segundo nota de um colunista do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, Neves chegou a oferecer a Marina Silva a titularidade do Ministério das Relações Exteriores, caso seja eleito presidente. Segundo o jornalista Kennedy Alencar, “a ideia seria indicar Marina para o Itamaraty a fim de que ela defenda uma ‘diplomacia verde”.

– Marina tem boa imagem internacional e convergência com Aécio na mudança de alguns pontos da linha diplomática dos governos do PT. Com Aécio e Marina, o Itamaraty daria menos foco ao Mercosul. Tentaria negociar mais com os Estados Unidos e a União Europeia – disse Alencar, em uma rádio carioca, nesta terça-feira.

Segundo o jornalista, as negociações para que Marina apoie Aécio no segundo turno “têm avançado”. As divergências entre o PSB e a Rede, diz ele, podem impedir uma posição partidária, mas Marina “poderia dar suporte individual ao tucano”.

Novas pontes

Nesta manhã, o deputado estadual Marcelo Freixo recebeu um telefonema de Dilma, em um gesto que demonstra a importância com que a presidenta e seus estrategistas de campanha deram à adesão de Freixo à candidatura petista. Campeão nas eleições do Rio para deputado estadual, com 350.408 de votos, Freixo é uma das marcas registradas do PSOL, assim como a ex-presidenciável Luciana Genro o deputado federal baiano Jean Willys. Juntos, eles compõem a chamada alma da agremiação e vão pedir votos para Dilma.

Para a direção do PT, o apoio de Freixo é visto como um sinal da aproximação da legenda, formalmente, ao campo de Dilma. Nas contas dos estrategistas do partido, a presidenta terá de conquistar 9 milhões de votos para vencer Aécio Neves nas urnas. Neste sentido, acreditam que um posicionamento claro de Luciana poderá render a Dilma a grande maioria do 1,4 milhão de votos que ela conseguiu no último domingo.

– Independentemente da posição que o partido vier a tomar, eu votarei em Dilma nesse segundo turno. Não admito o retrocesso que acredito que um governo tucano poderá representar – afirmou Freixo.

Uma das pontes para chegar ao PSOL, segundo estrategistas do PT, é o argumento de que Dilma não apenas não atacou Luciana na campanha, como sua origem política na esquerda dos anos 1960/70 guarda identidade com muitas bandeiras atuais do PSOL.

Aliança doméstica

No segundo turno estadual do Rio de Janeiro, a se realizar também no próximo dia 26, o senador Marcelo Crivella (PRB) recebeu, na manhã desta terça-feira, o apoio do deputado federal Anthony Garotinho (PR), derrotado no primeiro turno das eleições para governador do Rio. O acordo foi firmado em uma reunião de mais de uma hora, na residência de Garotinho, em Campos, no norte do Estado. Segundo Crivella e Garotinho, eles não falaram de cargos caso Crivella ganhe a eleição, apenas de propostas.

– Ele (Crivella) só me fez um pedido: que ajude a livrar o Rio do grupo que fez tanto mal à população. E eu estou atendendo com muito bom gosto – concluiu o ex-governador Anthony Garotinho.

Fonte: Correio do Brasil

Zeudir Queiroz