Às vésperas da divulgação de uma lista com nomes de polílticos envolvidos com a corrupção e desvios bilionários na Petrobras, o doleiro Alberto Yousseff volta a delatar o pagamento de propinas para os partidos da direita, entre eles o PSDB, o PSB e o PP. Em um outro trecho da delação premiada na Operação Lava Jato, vazado para a mídia conservadora, Youssef indica o pagamento de comissões irregulares para integrantes daquelas legendas.
Segundo afirmou à Polícia Federal (PF), o senador Ciro Nogueira (PP-PI), atual presidente do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que morreu em um acidente de avião, em agosto último, e o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, vítima de um câncer fatal, no ano passado, receberam subornos dos empreiteiros. Caciques do PP, de acordo com a delação premiada, teriam recebido subornos entre 2010 e 2011 da construtora Queiroz Galvão em um contrato para implantação de tubovias em Abreu e Lima, de R$ 2,7 bilhões.
O acerto, diz o delator, teria sido fechado antes da assinatura do contrato, na época sob ameaça de criação de uma CPI sobre a estatal. Os R$ 10 milhões de propina também beneficiaram o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. Campos, segundo o doleiro, recebeu igualmente entre 2010 e 2011 R$ 10 milhões pelo contrato do consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, para não criar dificuldades nas obras.
Reunião secreta
Durante encontro, em num hotel de luxo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o grupo pressionou executivos da Queiroz Galvão a concluir a negociata e ameaçou estimular a criação de uma CPI sobre a estatal, ideia acalentada oposição ao governo da presidenta Dilma, desde 2010.
Nos dias que se seguiram, a empreiteira fechou o contrato e parte da propina foi paga em doações oficiais a candidatos, segundo o delator. O pagamento do suborno em dinheiro, disse Yousseff, teria sido efetuado por Fernando Soares, o Baiano, também preso na Lava Jato.
As partes negociaram que R$ 10 milhões, total pago ao grupo, seriam destinados a “impedir a realização da CPI da Petrobras”, diz o corrupto confesso, em seu depoimento, conforme vazado, nesta terça-feira. Um dos beneficiários desse dinheiro teria sido o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. A parte do butim que coube ao PSDB, ainda de acordo com o depoimento, teria sido entregue ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para a compra de um terreno, no Rio de Janeiro, pela quantia de R$ 3 milhões. A área comprada teria sido revendida para a Petrobras, meses depois, por mais de R$ 40 milhões.
O delator também afirmou que o então governador pernambucano Eduardo Campos recebeu entre 2010 e 2011 o total de R$ 10 milhões em propina paga no contrato do consórcio Conest, formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, para as obras da Refinaria Abreu e Lima. A propina teria servido para que ele “não criasse dificuldades nas obras”, segundo Yousseff.
A Odebrecht teria sido responsável pela propina, no valor de R$ 30 milhões, e o total foi dividido entre Campos, Costa e o PP, disse o doleiro. O valor recebido por Campos teria sido entregue a um emissário do ex-governador, no Recife.
Ligações clandestinas
Em outro depoimento, o suspeito Leonardo Meirelles, apontado como “testa de ferro” do doleiro no laboratório Labogen, também indicou o envolvimento do PSDB no esquema de corrupção da Petrobrás desbaratado pela Operação Lava Jato da PF.
Em depoimento prestado na à Justiça Federal no Paraná, Meirelles confirmou que o doleiro trabalhou, dentro do esquema da Petrobrás, também para o PSDB, além de PT, PMDB e PP, partidos governistas que haviam sido apontados por Youssef e pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
Meirelles disse ainda ter presenciado uma conversa telefônica de Youssef na qual Sérgio Guerra era mencionado. Esta acusação também foi feita por Costa no âmbito da delação premiada ao Ministério Público Federal. No caso de Meirelles, a referência ao PSDB foi feita após seu advogado, Haroldo Nater, questionar sobre o envolvimento de outras legendas no esquema além de PT, PMDB e PP.
O homem apontado como “testa de ferro” de Youssef afirmou ainda que haveria um segundo tucano envolvido no esquema, além de Guerra, indicando a participação do senador Álvaro Dias. Embora não o tenha citado, nominalmente, deixou antever os fatos já citados em outras investigações da PF. Meirelles disse, no entanto, se tratar de alguém que é conterrâneo do doleiro. Álvaro Dias, senador reeleito do PSDB fez a carreira política em Londrina, no interior paranaense, cidade natal de Youssef. Dias, que integrava a CPI da Petrobrás que funcionou em 2009, nega manter qualquer relação com o doleiro.
Durante oitiva realizada, no âmbito do processo, seu advogado perguntou especificamente sobre a ligação com Guerra. Foi então que respondeu ter presenciado uma conversa de Youssef em que ele citou ao telefone o ex-presidente do PSDB.
– Em uma das ocasiões eu estava na sala, teve um contato telefônico do Alberto Youssef quando do qual surgiu o nome (Sérgio Guerra). Faltava um ajuste, alguém não estava reclamando, estava atribuindo alguma coisa que não estava acontecendo, que não estava caminhando em virtude do que tinha uma coisa do passado que estava parado – disse Meirelles.
Fonte: Correio do Brasil
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