Eleições 2024

17 dos 22 parlamentares da atual bancada cearense apoiam petista

Dilma tem a adesão de 77% dos federais no CE e de todos os senadores. Aécio conta com 5 parlamentares

A partir de 2015, os representantes do Ceará na Câmara dos Deputados terão uma renovação de 45,5% na composição FOTO: AGÊNCIA BRASIL
A partir de 2015, os representantes do Ceará na Câmara dos Deputados terão uma renovação de 45,5% na composição
FOTO: AGÊNCIA BRASIL

A disputa entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais provocou, nos últimos dias, movimentação de partidos e dissidências de políticos em busca de costurar novas alianças, que prometem ajudar na definição do novo mandatário do País.

No Ceará, um dos principais bastiões nordestinos visados pelos presidenciáveis, com 6,1 milhões de eleitores, a configuração da atual bancada no Congresso Nacional revela que o apoio dos parlamentares cearenses aos candidatos é proporcional às intenções de votos que cada um dos dois alavancou no Estado no primeiro turno. Em 2015, haverá 45,5% de renovação entre os deputados federais eleitos no Ceará.

Aqui, a petista, que obteve 68% dos eleitores, tem ao seu lado 17 dos 22 deputados federais (77,27% do total) e todos os três senadores. Já o tucano, que registrou 15% da preferência dos cearenses, conta com a adesão de cinco deputados à sua candidatura.

Dilma parte para o segundo turno com o apoio de três parlamentares do PMDB, sendo um senador e três deputados; os cinco representantes cearenses do PROS na Câmara Federal; quatro deputados e um senador petista; três do PCdoB, sendo um senador; uma deputada do PR, além de um integrante do PTB, que nacionalmente fez coligação com o candidato tucano. Aécio concentra os únicos integrantes do PSDB, SD, PSD na bancada cearense, além de um dissidente do PMDB e do PP, partidos que formam a base de sustentação do governo Dilma.

Acompanhando uma ala nacional do PMDB que se incorporou ao projeto político tucano após insatisfações com o governo petista, o deputado Danilo Forte reiterou, nesta semana, sua vinculação à candidatura de Aécio. O parlamentar, porém, é o único dos quatro integrantes do partido na bancada cearense a tomar esta decisão. Os outros integrantes da legenda, a qual abriga o presidente estadual da sigla e candidato ao Governo do Estado, senador Eunício Oliveira (PMDB), dizem que permanecem fiéis à campanha de Dilma e de Michel Temer, vice-presidente da República e presidente nacional do partido.

Danilo explica que sua oposição à decisão do PMDB ocorre por dois motivos: o primeiro é o fato de a petista “ter anunciado muito e realizado pouco pelo Ceará”; o segundo é o próprio conflito interno com o PT, que, ele diz, não compartilha o poder, excluindo os peemedebistas da elaboração de políticas públicas. “É uma demonstração clara que o governo não atende às demandas das bancadas. Não é uma postura serviçal que vai dar maior altivez à bancada”.

Para ajudar na campanha de Aécio, Danilo está visitando os municípios em que foi votado e estimulando o debate para acabar com o que ele chama de “liturgia do medo”. “Aécio sabe dos problemas sociais. Ele vai dar atenção mais às questões dos cearenses”, opinou.

Unidos

O deputado Mauro Benevides representante da chamada ala do “PMDB histórico” avalia que, atualmente, o partido é apontado como fracionado, mas no Estado a posição oficial da sigla é que se mantenha a decisão da convenção nacional, a qual, segundo ele, “no julgar de muitos tem procurado corresponder às conquistas do povo brasileiro”. “Na bancada, há vozes divergentes, mas majoritariamente o partido no Ceará mantém o apoio à primeira mandatária do País”, confirmou.

Sobre a possibilidade de as dissidências prejudicarem a campanha petista, o deputado avalia que numa disputa acirrada qualquer insurgência partidária representa um ônus ao candidato. “Melhor seria se o partido adotasse uma postura solidária sem discrepâncias capazes de fragilizar a candidatura”, opinou Mauro Benevides, que não foi reeleito.

O deputado Mário Feitoza (PMDB) também disse que segue posição nacional da sigla apesar de afirmar que é amigo de Aécio Neves. “Acompanho o meu partido. Gostaria muito que a mensagem dele (Aécio) fosse positiva para o Brasil, mas no momento apoio Dilma”, declarou o parlamentar que disse ter liberado os seus 56 mil eleitores a votar em quem quiserem.

Aníbal Gomes (PMDB), que diz também continuar firme com a petista, avalia que a divisão entre parlamentares não deve prejudicar a candidatura da presidente. Segundo ele, a cisão na legenda não deve atrapalhar, ainda, a governabilidade de quem assumir a Presidência. Seja quem for o vencedor, o parlamentar diz que o PMDB “vai ter que assumir responsabilidade”.

Além da dissidência peemedebista, os deputados José Linhares (PP) e Manoel Salviano (PSD) resolveram remar contra o comando de suas siglas, que fazem parte da coligação de Dilma, e apoiam Aécio Neves.

Salviano diz estar trabalhando na coordenação da campanha tucana no Cariri, onde está seu reduto eleitoral. “O projeto de Aécio é uma nova filosofia de mudança de componente político e administrativo para o Estado”, afirmou.

Apesar de ter perdido apoio de integrantes da base aliada entre a bancada cearense, a presidente mantém um aliado no PTB local, que nacionalmente está com Aécio. Arnon Bezerra diz que o apoio à presidente deve-se ao olhar “carinhoso” que ela teve com o Ceará, com a realização de obras estruturantes. “Disparado é o projeto mais eficaz para o Estado”, defendeu.

Sobre a influência da bancada na disputa presidencial, ele acredita que o apoio de parlamentares garante segurança ao eleitor, que cria uma identidade entre o candidato e o deputado ou senador. “Dilma já goza de simpatia e ampla preferência no Estado. O apoio da maioria da bancada dá mais segurança para elegê-la”, avaliou.

Oposição

Único representante tucano na bancada, o deputado Raimundo Gomes de Matos considera que o fato de não ter o apoio da maioria dos parlamentares não prejudica a campanha de Aécio no Estado. Para ele, no segundo turno, há uma dimensão de interdependência da vinculação do voto do deputado com a eleição presidencial.

Ele avalia ainda que o fato de o PSDB não ter o apoio da maioria no Congresso não vai interferir na governabilidade de Aécio, caso seja eleito. “O que vai garantir a maioria é termos deputados que apoiam a proposta de Aécio e não criem uma subserviência de toma-lá-dá-cá”.

Mesmo com a decisão do PDT de liberar seus filiados no segundo turno, o ex-líder do partido na Câmara, André Figueiredo, afirma que o diretório estadual vota com a presidente por conta do que “ela representa para o Ceará em termos de perspectivas e avanços nos projetos estruturantes”. Ele considera que o poder de influência da bancada na votação presidencial não é decisivo, mas pode ser “uma força auxiliar para buscar um poder de convencimento maior nas candidaturas que apoiamos”.

Para o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães, as cisões na bancada não preocupam a campanha petista no Estado. Na análise dele, a presidente deve ampliar o percentual de votos para até 80% no Ceará. “As pessoas não podem ser oposição de dia e governo à noite. Não pode ser governo quando quer benefício e, no outro dia, oposição. Tem que ter fidelidade ao projeto vitorioso”, afirmou.

O parlamentar disse que trabalha com a vitória de Dilma Rousseff, mas, caso o adversário vença, a bancada deverá cobrar do governo obras que são fundamentais para alavancar o desenvolvimento social e econômico do Estado. “O Ceará tem que estar acima de tudo”..

Julianna Sampaio
Repórter

Congresso e Camara

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz