Trânsito mata 1.337 pessoas no Ceará em 2014

 As informações foram divulgadas durante reunião sobre a criação do Pacto Social pela Paz no Trânsito, no Palácio da Abolição FOTO: NATINHO RODRIGUES

As informações foram divulgadas durante reunião sobre a criação do Pacto Social pela Paz no Trânsito, no Palácio da Abolição
FOTO: NATINHO RODRIGUES
A quantidade de pessoas não habilitadas conduzindo veículos automotores no Ceará vem chamando a atenção das autoridades ligadas à segurança viária. Dados de 2014 do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), apontam que a frota do Ceará era de 2,58 milhões de veículos, sendo que o número de condutores habilitados era de apenas 1,6 milhão. Outra constatação alarmante diz respeito à violência no trânsito ocorrida de janeiro a outubro do ano passado: 389 pessoas morreram em acidentes nas vias da Capital, enquanto outras 1.348 foram vitimadas nos demais municípios do Estado. Os dados foram divulgados ontem, durante reunião sobre a criação do Pacto Social pela Paz no Trânsito, no Palácio da Abolição, envolvendo entes dos Poderes Executivo e Legislativo, além da sociedade civil. Este foi o segundo encontro do grupo, em que foram avaliadas as ações em andamento e expostas estratégias para buscar a redução dos acidentes. A primeira ocorreu no último dia 3 de março. Ainda segundo o órgão, só 59 das 184 prefeituras do Ceará possuem autarquias de trânsito, o que impacta diretamente na falta de controle das irregularidades cometidas nas ruas e na gravidade dos acidentes. “A fiscalização de trânsito tem que ser tratada como uma prioridade, porque as consequências vão parar nos hospitais. O Detran passa uma semana fazendo fiscalização em um município do Interior, mas, depois que a equipe vai embora, a realidade torna a ser o que era. Essa não é a melhor estratégia, nem o Detran tem capacidade para estar nos 184 municípios todos os dias”, observa o superintendente do órgão, Igor Ponte. O Detran, juntamente com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), realizam entre seis e sete mil operações de fiscalização por ano. População Para o secretário chefe de Gabinete do governador, Élcio Batista, que coordenou o encontro de ontem, é preciso focar na conscientização da população. “As pessoas precisam estar mais informadas do papel delas como motoristas. A sociedade civil é parte fundamental dos resultados que a gente almeja”, disse. Já o gestor do Detran defende a elaboração de estratégias para fazer com que as prefeituras tenham condições de exercer a tarefa de fiscalização e educação de trânsito. “As multas de trânsito não são atualizadas desde 2001, à exceção dos casos de álcool ao volante, que tiveram reajuste recentemente. Isso dificulta a operação dos municípios, porque não gera renda para custear a fiscalização. Mas, esse custo é para ser considerado um investimento, que impacta diretamente em outras áreas, como a de saúde”, argumenta Igor. Na visão do superintendente do Detran, mesmo nos 59 municípios que têm autarquias, a fiscalização é ineficiente, visto que muitas destas instituições não cumprem suas atribuições a contento. Na Capital, o principal problema está na periferia. “Por não haver fiscalização nas ruas mais estreitas, motociclistas sentem-se à vontade para trafegar sem capacete, ou embriagados”, diz Ponte. Para ele, a diminuição da violência no trânsito tem que conciliar duas frentes de ação: educação e fiscalização. Na parte de fiscalização, o órgão vem concentrando esforços na Operação Retorno das Praias, em conjunto com a PRE. A partir de meio dia, são feitas blitze na Região Metropolitana de Fortaleza, aos domingos, nos acessos às praias próximas à Capital. Com a operação, observou-se queda de cerca de 50% nas entradas de acidentados no Instituto José Frota (IJF). “Entretanto, com o passar do tempo, a população aprendeu a se desviar da fiscalização e os números tornaram a subir”, pondera Ponte. No que tange à educação, o superintendente do Detran destaca as escolinhas de trânsito existentes em Fortaleza e em Sobral, além da unidade que está em construção no Cariri. A formação de professores da rede pública para serem multiplicadores da disciplina de trânsito é outra medida que vem sendo aplicada, conforme Igor Ponte. Capacidade O gestor do órgão acredita que ações de curto e médio prazo podem ampliar a capacidade de fiscalização e diminuir a quantidade de acidentes. Igor sugere que a PRE possa atuar dentro da zona urbana dos municípios, além de permitir à Polícia Militar que fiscalize o trânsito. Levando em conta os números de 2015, até abril, foi observada redução de acidentes com morte nas rodovias estaduais, em relação ao mesmo período do ano passado. O número de motociclistas mortos reduziu 41%, comparando os dois anos. Levando em conta todos os tipos de veículos, a redução foi de mortes ficou em 27%. Em relação à campanha Maio Amarelo, realizada em todo o país com o objetivo de sensibilizar a população para a prudência no trânsito, Ponte avalia que a iniciativa foi positiva, entretanto, não conseguiu mobilizar ativamente as pessoas. “Certamente, no próximo ano já terá um efeito mais positivo”, prevê. Segundo o superintendente da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), Vitor Ciasca, a faixa etária dos 20 aos 30 anos é a que mais registra acidentes com vítimas na Capital. “É preciso estar muito firme a isso. As pessoas têm que entender, ao tirar a carteira de habilitação, o que podem e o que não podem fazer”. Bruno Mota Repórter Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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