Lockdown reduz velocidade da transmissão do coronavírus em Fortaleza

Instituto de pesquisa afirma que o pico da doença deveria ser em abril, mas com desrespeito ao isolamento, o prazo mudou para o fim de maio
Estudos apontavam que o pico do novo Coronavírus no Ceará seria nas últimas semanas de abril, o que não aconteceu por conta do engajamento da população, aponta estudo do Instituto Ampla Pesquisa. “Havíamos feito uma análise que nós entraríamos no pico real da doença entre 24 a 29 de maio, então estamos praticamente nos encaminhando para o famoso pico real. Deixando claro que esse pico deveria ter acontecido no fim de abril”, comenta Agliberto Ribeiro, diretor executivo da Ampla, que explica que a mudança se deve ao desrespeito às normas de isolamento social do Estado. Com o avanço acelerado do número de casos, o Governo do Ceará decidiu adotar medidas mais rígidas em relação ao isolamento, sobretudo na capital, epicentro da pandemia. Para isso, contou com a parceria da Prefeitura de Fortaleza. “O mais importante é manter a consciência, a disciplina e a nossa responsabilidade em continuar lutando para enfrentar o Covid-19. A nossa melhor luta, nossa maior ação generosa e solidária é a gente executar o isolamento social”, diz o prefeito Roberto Cláudio. De acordo com o Instituto Ampla, a pandemia está caminhando para desaceleração, o que deve acontecer até o começo de junho. A partir do método epidemiológico SIR, que prevê a disseminação de uma doença contagiosa e a interação entre os envolvidos, é possível constatar isso. Hoje, o número de infectados é superior a 31 mil. Para a desaceleração prevista ser concretizada, é necessário que a taxa de diagnósticos positivos aumente em ritmo menor que a de recuperados, atualmente estimada em 62%. Quanto mais a porcentagem se aproximar de 100%, mais chances do controle da pandemia. No ritmo que o Ceará está, o quadro deve ser revertido nas próximas semanas, desde que a população faça sua parte.
Quanto mais a taxa de recuperados se aproximar de 100%, maior a chance de controle da pandemia. (Foto: Keyton Cabral/TV Cidade)
Para avaliar a eficácia das medidas do Lockdown em Fortaleza, é preciso saber olhar a porcentagem de infectados a cada dia, não os números absolutos. Em 30 de abril, foram confirmados 13.153 casos, no dia 7 de maio, 16.406 registros, um aumento de 25% em uma semana. Mas sete dias depois, em 14 de maio, eram 18.084 casos, crescimento de apenas 10%. Uma semana depois, com o decreto de isolamento rígido, o crescimento foi de apenas 4%, passando de 18.084 para 18.685.
A quantidade de diagnósticos positivos (vermelho) apresenta tendência de estabilização. (Arte: Keyton Cabral/TV Cidade)
O percentual de óbitos também tem queda brusca nos últimos 21 dias: Em 30 de abril eram 561 mortes registradas. Uma semana depois, 968 óbitos, um crescimento de 72%. Passada mais uma semana, em 14 de maio, as mortes eram 1.347, crescendo 40% em relação à semana anterior. Já em 21 de maio, o crescimento das mortes foi de apenas 12%, passando de 1.347 para 1.516. Nesse caso, quanto menor o crescimento, mais chances de contenção da doença. O secretário de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, em coletiva de imprensa na sexta-feira (22), apontou tendência de redução de atendimentos. “Há indícios da redução no número de atendimento das emergências, Upas, do número de internações e da gravidade dos pacientes quando chegam às emergências”, afirmou. Para o secretário, um conjunto de ações pode ser apontado como causa. “Primeiro, a melhoria dos nossos protocolos nas unidades hospitalares, a entrada na atenção básica com protocolos de atenção mais precoce, a melhora e o aprendizado da própria unidade no manuseio desses pacientes e ao lockdown, que pode e parece estar colaborando”, justifica. É inegável que a pandemia da Covid-19 afeta a todos, no mundo todo. Assim como as medidas de isolamento social afeta a economia, o funcionamento das cidades e até o psicológico de cada um. Mas a cada dia de novo isolamento, mais chances de vencer o novo Coronavírus. Porém, quando as únicas medidas que podem salvar são desrespeitadas, mais distante se fica do fim. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe controle da pandemia sem isolamento social. E os cearenses deixam a desejar. Em 25 de fevereiro, terça-feira de Carnaval, quando muita gente está nas ruas e praias, a taxa de isolamento social era de 44,6%. Já em 22 de março, na primeira semana de decreto estadual, chegamos na maior taxa, com 63% dos cearenses respeitando a quarentena. Mas, no dia 20 de maio, em meio às medidas mais rígidas do Governo do Estado, o  percentual de cearenses em isolamento social era de 47,7%, de acordo com o mapa do Inloco, taxa próxima de um dia de carnaval, bem antes da quarentena, mostrando que muitas pessoas ainda negligenciam a importância da quarentena.
Índice de isolamento social no começo do lockdown é semelhante ao da terça-feira de Carnaval, segundo a plataforma Inloco. (Arte: Keyton Cabral/TV Cidade)
“Eu faço um apelo a população, para que a gente possa cumprir, até o fim do mês, esse isolamento social, garantindo salvar vidas. Proteger você, proteger seus familiares, proteger a população cearense e com isso, mitigar os efeitos dessa pandemia no Ceará”, finalizou o governador Camilo Santana. Fonte: http://cnews.com.br/
Zeudir Queiroz

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