Segundo a instituição, a direção adota ‘tolerância zero’. Em conversa exclusiva, estudante criticou a postura adotada pela faculdade e detalhou como o homem teria agido contra ela
O funcionário da Estácio FIC suspeito de ter assediado uma universitária dentro da faculdade foi afastado de suas funções. Segundo a instituição, a direção adota “tolerância zero” e, caso seja comprovada a participação dele no caso, tomará as medidas cabíveis. Em conversa exclusiva com O POVO Online, a estudante de Direito, de 20 anos, que denunciou o caso de assédio sexual nas redes sociais, criticou a postura adotada pela faculdade e detalhou como o colaborador teria agido contra ela.
Segundo a universitária, que preferiu não ser identificada, a faculdade não lhe deu acesso às imagens de câmeras de segurança, que teriam flagrado a ação do funcionário, nem revelou a identidade do homem. Para a jovem, o caso não está sendo tratado como deveria. Ela denunciou a situação na coordenação do curso de Direito e registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.) na Delegacia Municipal da Mulher (DMM).
“Identificaram, mas no momento não quiseram dizer quem é. Eu tinha direito, mas não foi me dito, como se estivessem preservando à imagem do funcionário. A faculdade está tratando como um caso muito nada. Se deixar, vai terminar como se nada tivesse acontecido”, disse a aluna.
A estudante diz que ainda não se sente segura com o afastamento do funcionário. De acordo com a universitária, a instituição não tem prestado o apoio necessário. “Falaram simplesmente que identificaram e que ele foi afastado da unidade, que eu ficasse despreocupada, que lá ele não pisava mais. Mas quem garante que ele não vai estar na parada de ônibus ou na esquina?”, comentou.
Procurada pelo O POVO Online, a instituição se manifestou por meio de nota. “Estamos acompanhando os trabalhos de investigação policial, colaborando, de maneira a elucidar definitivamente o ocorrido. A direção do campus tem o maior interesse na apuração deste caso e, se comprovada a culpa do colaborador, tomará as medidas cabíveis, já que adotamos tolerância zero a desvios de conduta e práticas desta natureza. Desde que ocorreu o fato, a aluna está recebendo todo o apoio e atenção da instituição”, disse a Estácio.
Versão da universitária
De acordo com a denúncia, o caso ocorreu na manhã da terça-feira passada, 31, quando a universitária estudava sozinha na cabine de número 5, uma sala para grupos de estudo, na biblioteca da instituição. “Estava sentada (dentro da sala), quando esse funcionário entrou. Ele olhou para minha cara e disse: ‘vou fazer massagem em você’, e não esperou eu dizer nada. Ele entrou de uma vez, começou a levantar minha blusa, passou as mãos em meus seios”, contou a estudante.
A jovem contou que quando o homem lhe tocava, um aluno passou do lado de fora da sala falando ao telefone. A presença do estudante pode ter assustado o funcionário, segundo a aluna. “O estudante passou, e dava para vê-lo porque a sala tem portas de vidro. Ele (funcionário) estava nas minhas costas e veio para minha frente. Sentou na cadeira a minha frente, como se nada tivesse acontecido”, disse.
De frente para a jovem, o funcionário teria começado a falar sobre a vida pessoal e que a garota era importante para ele. “Ele disse que eu mudei a vida dele, que ele era uma pessoa errada, que pulavas os muros da escola. Fiquei sem reação, com minha orelha vermelha. Ele falou que era casado, que tinha duas filhas, mas não vi aliança. Acho que falou para me amedrontar, ficar calada. Estava bem vestida, com casaco, blusa de manga e calça”.
A estudante disse que o rapaz ainda fez algumas perguntas, como o nome dela e onde morava, e ela respondeu por medo. Em seguida, o homem se levantou e saiu da sala. Logo depois, a universitária procurou à coordenação e denunciou o que teria acabado de sofrer. “Fiquei em estado de choque, cega, não consegui fazer nada”, finalizou ela.
Fonte: http://www.opovo.com.br/
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