Ao voltar ao local, Leitinho conta que foi atendido de forma educada pela gerente; ele explicou o constrangimento e ela lhe pediu desculpas. “Ficou com raiva porque eu sei dos meus direitos, mas se fosse com outra pessoa que não soubesse? E a segurança não tinha o direito de barrar uma pessoa em situação de rua”, aponta.
O que acabou gerando no defensor, que trabalha exatamente com os grupos populacionais de maior vulnerabilidade, foi o sentimento de raiva, indignação, mágoa. “Eu tenho um conhecimento técnico que o meu trabalho na área da defensoria me permitiu adquirir. Mas é quando é alguém que não o tem?”, questiona.
Polícia
Apesar de ter o conhecimento de seus direitos e saber exatamente onde buscar ajuda, reforça Leitinho, isso não faz diminuir a dor. “Ele não retira a tristeza, não retira o constrangimento que a gente sente.” O defensor fez Boletim de Ocorrência na Delegacia de Combate a Exploração da Criança e Adolescente (Dececa). Em nota, a Polícia Civil informa que realiza buscas e que colhe depoimento, por intermédio da Dececa. Conforme a nota, as responsabilidades sobre o caso estão sendo apuradas e mais informações serão repassadas posteriormente para não prejudicar a investigação policial.
Funcionária pediu demissão
Lúcia Alves, gerente do Portugaleria Shopping, onde a padaria se localiza, reconheceu o erro, pediu desculpas pelo episódio e reforçou que o estabelecimento não tolera qualquer tipo de preconceito. Ela disse que o local realiza periodicamente treinamento com os funcionários e que a funcionária em questão pediu demissão do estabelecimento.
Em nota enviada na tarde desta sexta-feira, 24, a Padaria Portugália explicou que a profissional de segurança que tentou impedir a entrada da adolescente no estabelecimento na última quarta, 22, não pertence ao seu quadro de pessoas.
“A profissional, que fica na área externa da loja, é contratada do centro comercial do qual a padaria é apenas lojista. Não temos qualquer conhecimento ou ingerência sobre a contratação e treinamento dos profissionais que atuam no centro comercial. Reforçamos que somos contra qualquer tipo de discriminação ou preconceito e apoiamos a adolescente e sua família na defesa de seus direitos”, conclui.
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