Vanessa da Mata faz show no Cumbuco

Clássicos e pérolas menos conhecidas do maestro da Bossa Nova servem de base para apresentação de hoje Vai minha tristeza / E diz a ela que sem ela não pode ser / Diz-lhe numa prece / Que ela regresse / Porque eu não posso mais sofrer – Trocando “ela” por “ele” nos versos da consagrada canção “Chega de Saudade”, traduz-se a verdadeira falta que seu compositor, o maestro Tom Jobim faz há mais de década. Vanessa da Mata: cantora adiou lançamento de novo disco para se dedicar ao tributo Hoje, uma homenagem ao maestro chega ao Ceará na voz de Vanessa da Mata. A cantora mato-grossense apresenta no hotel Vila Galé Cumbuco o espetáculo da turnê baseada em seu álbum mais recente. Lançado em julho, “Vanessa da Mata canta Tom Jobim” reúne 16 versões de músicas do cancioneiro de um dos pilares da MPB – e, sobretudo, da bossa nova. É a primeira turnê em que Vanessa foge do padrão, deixando de lado as próprias canções, para interpretar a obra de um único compositor. Mais do que valorar a obra do ícone da bossa nova, o CD é outro encontro de gerações da MPB. Eumir Deodato, maestro e pianista que trabalhou com Jobim e orquestrou várias músicas de Frank Sinatra, acompanhou as canções e auxiliou na produção da turnê. A preocupação do produtor Kassin em reler o legado do “desafinado” mantendo uma certa jovialidade e frescor no disco trouxe outros jovens músicos à equipe, como o baixista Alberto Continentino, o tecladista Danilo Andrade, o guitarrista Gustavo Ruiz e o baterista Stephane San Juan. A intérprete “No ano passado, me convidaram para cantar Luiz Gonzaga e isso rendeu alguns shows. Gostei da possibilidade de fazer um show como interprete. Foi empolgante e criativo. No fim do ano, apareceu a possibilidade de cantar Tom Jobim. É uma obra forte, sutil, poética, raríssima. É uma ótima oportunidade de estar num momento de interpretação e experimentar a composição como uma estudante”, define Vanessa. A turnê faz parte do projeto “Nívea Viva Tom”, da marca de cosméticos que, no ano passado, havia homenageado Elis Regina. Entre abril e maio deste ano, Vanessa fez uma série de seis shows, num tributo ao cinquentenário do primeiro disco solo de Tom Jobim, “The Composer of Desafinado Plays”, lançado em 1963. Arrastando multidões para apreciar o reencontro da música de Jobim na voz de Vanessa, as apresentações chegaram a reunir 100 mil pessoas. O sucesso deu origem ao disco. Ligação O tributo ao maestro bossa novista pegou muitos fãs da cantora de surpresa, mais acostumados às suas incursões por cancioneiros mais recentes, da geração tropicalista. Vanessa da Mata faz questão de esclarecer: a ligação com Tom Jobim é maior do que muitos imaginam e se dá na própria busca pela simplicidade ao compor. “Sempre fui fascinada pela maneira com que ele construía suas letras, com simplicidade que guardava algo de complexo, de universal. O que ele fazia alcançava tanto um público A, no que diz respeito ao conhecimento de música, quando o C. Desde meu primeiro disco tentei falar de amor, sem fazer uma construção vulgar. A ideia era falar de amor, assim como o Tom, de uma maneira poética”, detalha a cantora, que assina a maior parte das músicas de seus discos. O lado popular da música de Tom Jobim, aliás, é um dos focos da reinterpretação de Vanessa da Mata. “A parte mais difícil dessa turnê foi montar o repertório. Tinha que ser feito com muito cuidado, para retratar bem a carreira de Tom. Queríamos colocar muitas coisas, mas não podíamos ser egoístas e deixar clássicos de fora. Seria muito fácil pegar o lado B dele e fazer coisa ´nova´. Só que pegamos o caminho oposto, pegando músicas que já estão no inconciente coletivo e dar a elas algo de diferente”, explica. “Só tinha de ser com você”, “Desafinado” e “Garota de Ipanema” são clássicos de Jobim que estão no setlist, cujo repertório passeia por várias épocas e estágios da carreira do músico. As apresentações em outras cidades também incluíram “Wave”, “Esse teu olhar”, “Eu sei que vou te amar” e “Samba de uma nota só”. Mais informações: Vanessa da Mata canta Tom Jobim. Às 21h30, no Hotel Vila Galé Cumbuco. Ingressos: BilheteriaVirtual.com e estande da Diagonal (Rua Paula Barros, nº46) Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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