O Brasil sofre com a dor do Plínio de Arruda Sampaio hospitalizado

Os brasileiros conhecem Plínio de Arruda Sampaio, homem simples, apesar de ser um intelectual respeitado. Tive a felicidade de conhecê-lo em 1984 nas diretas já em são Paulo, nessa época clamava por eleições diretas. Um dos articuladores da Campanha Diretas Já, sempre em companhia do Senhor das Diretas, Ulysses Guimarães, nessa época, motivou jovens, crianças e adultos para defender o Estado Democrático de Direito. Fez história no processo constituinte na elaboração da Constituição Federal de 1988 e como deputado constituinte ficou nacionalmente conhecido ao propor e defender um modelo constitucional de reforma agrária, que visava acabar com os latifúndios. Além disso, com sua habilidade foi o único deputado de esquerda a presidir uma Comissão de Trabalho sem esquecer que prestou um brilhante trabalho na Comissão de Redação, Comissão de Sistematização e na Comissão da Organização do Estado. Como presidente da Subcomissão de Municípios e Regiões, juntamente com outros municipalistas ajudou a redigir o Capítulo que trata dos municípios, onde ficou expresso que o município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos, disciplinando eleições para Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País. Preocupado com a moralidade pública lutou com um leão para que os municípios fossem fiscalizados não só pelo Controle Externo do Tribunal de Contas. Com seu convencimento a norma ficou assim “A fiscalização do município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controles internos do Poder Executivo Municipal, na forma da lei”. Essa lei em muitos municípios ainda não nasceu. E por isso a corrupção anda livre e fazendo milhares de vítimas com os péssimos serviços prestados pelos municípios brasileiros. Sempre atuante participou ativamente da Campanha pelo impeachment do presidente Fernando Collor, que se via envolvido em várias denúncias de corrupção. Collor foi afastado temporariamente e, no final de 1992, renunciou ao cargo. Plínio permaneceu na oposição e tornou-se crítico do plano econômico implementado no final do governo assumido por Itamar Franco, o Plano Real. O Itamar Franco foi o responsável pela compra de governabilidade no Brasil. Plínio de Arruda Sampaio é um lutador, percorreu esse Brasil como candidato à Presidente da República em 2010, mesmo com a idade avançada foi candidato a Presidente da República. E como foi brilhante. Chamava os jovens para que assumissem o seu papel de cidadão ativo e para que participassem da política. Sempre que possível criticava a postura do governo do PT pela inibição e achatamento dos movimentos populares. O grande charme dos debates das eleições de 2010, sempre altivo e uma fala fácil de compreender, sabia se comunicar com as massas. O melhor candidato. Inspirou a muitos políticos decepcionados pelos rumos da política a voltar a participar dela. Vi muitos amigos aplaudir sua fala nos debates, esse sim, trouxe esperança para o Brasil sem se apresentar como salvador da pátria. Uma pessoa de imenso amor no coração, um apaixonado pela vida, pela família e pela política. Hoje se encontra hospitalizado. E os políticos sérios desse país estão tristes e solidários pelo seu sofrimento. Os militantes do PSOL também sofrem essa dor. A sociedade brasileira, os militantes do PSOL, os democratas em geral sempre vão agradecer ao muito que o Plínio de Arruda Sampaio fez pelo povo brasileiro. Nossa gratidão por tudo realizado ao longo da sua vida, uma vida de luta em defesa dos mais pobres, uma vida exemplar. Um socialista de verdade.  
Zeudir Queiroz

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