COMO A VISITA DE DILMA INTERFERE NA ALIANÇA PT X PSB

Dilma Rousseff (PT) realiza sua terceira visita como presidente ao Ceará, a segunda em menos de um mês, em momento de relações estremecidas entre PT e PSB. A visita às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na Região Metropolitana de Fortaleza, ocorre em momento de crise entre a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), o governador Cid Gomes (PSB) e o senador José Pimentel (PT), líder de Dilma no Congresso Nacional.

Os compromissos de hoje encerram um ciclo pré-eleitoral em Fortaleza, que ficará interrompido pelas próximas duas semanas, durante viagens da prefeita e do governador ao Ceará.

Não está confirmado nenhum encontro simultâneo entre a presidente, o governador e a prefeita, mas o mero simbolismo da presença de Dilma será determinante. Ela terá conversas separadas com os dois e o rumo desses diálogos poderá apontar o caminho para a manutenção da aliança ou indicar quão difícil será evitar o rompimento.

Sinal da desarmonia está na separação de agendas. A assessoria do Governo do Estado informa que Cid não irá às obras municipais. Depois dos compromissos pela manhã, ele participará, à tarde, apenas da visita à Estação de Tratamento de Água, em Caucaia. A justificativa oficial para não ir à última parte da visita presidencial é a viagem internacional que fará amanhã – e estaria marcada há 15 dias, informou a assessoria. Já a assessoria de comunicação de Luizianne confirmou a presença da prefeita apenas a partir das 16 horas, para guiar a presidente pelas obras da Prefeitura.

Fonte: Diário do Nordeste
Até o roteiro da presidente foi objeto de disputa política em torno da visibilidade que dará a uma e outra administração. A visita às obras do Estado estava marcada para ocorrer junto com a ida ao Cariri, no começo do mês. Mas foi adiada em função de problema de saúde da mãe da presidente e acabou remarcada. Mas só depois de articulações de bastidor as obras municipais entraram no roteiro. Dilma já não havia cumprido programação na Capital na sua primeira visita presidencial ao Ceará, em agosto de 2011. Na oportunidade, Luizianne, presidente do PT estadual, não compareceu a nenhum momento da programação.

Nos últimos dias, uma série de movimentos serviu para melhorar o ambiente político, como as novas declarações de Pimentel – em aceno de trégua para Cid -, e a conversa entre a prefeita e o governador.

Além de tentar acalmar sua base, Dilma precisará contornar o mal-estar entre ela própria e o governador. Na visita às obras da Transnordestina, no começo do mês, a presidente se desentendeu com Cid, devido a problemas relacionados às desapropriações.

De acordo com o deputado federal José Guimarães (PT), vice-líder do Governo na Câmara dos Deputados, politicamente, a vinda de Dilma ao Ceará terá o simbolismo de que “questões menores” não vão interditar a relação entre PT e PSB. “Claro que ela não vai tratar dessa questão aqui, mas a presença dela demonstra que o PT precisa estar aliado ao PSB e vice-versa. Ela não vem tratar disso, mas a presença dela diz isso”.

Já o deputado estadual José Sarto (PSB), reforça que a visita se dá num momento delicado. “Há uma queixa muito grande do PSB em Fortaleza, que durante a administração do PT, o PSB não tem participação na elaboração de políticas públicas, como, por exemplo, o PT tem participação e grande no Governo do Estado, com secretarias importantes”, disse. Segundo ele, não se trata de briga “mesquinha” por secretaria, mas de participação na elaboração de políticas públicas.

Contudo, Sarto entende que a visita é importante, já que Dilma, assim como o ex-presidente Lula, é uma forte liderança no PT e tem opinião fundamental sobre as alianças do partido. “Eu não sei se ela vai tratar com o governador e prefeita sobre as questões políticas, mas certamente ela vai ser ouvida não só uma, mas várias vezes”.

Zeudir Queiroz

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