Produção irrigada de feijão no Orós pode render 15 ton

Enquanto maior parte do sertão se ressente com a estiagem, a agricultura familiar irrigada segue em alta

Toda a produção atual será comercializada nas feiras-livres da região FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Toda a produção atual será comercializada nas feiras-livres da região
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Iguatu Agricultores esperam colher mais de 15 mil quilos de feijão de produção irrigada, na localidade de Serrote, zona rural deste Município, nas várzeas do Açude Orós, o segundo maior do Ceará. O verde da plantação e a colheita dos grãos contrastam com a maioria da paisagem do sertão nessa época do ano: seca e cinza por causa da prolongada estiagem. A produção é oriunda da agricultura familiar. A safra está assegurada. A expectativa é que a colheita, que deve ser concluída até o fim deste mês, será superior a 15 toneladas. Toda produção é comercializada na feira livre local, que ocorre diariamente. Como sempre, quando a oferta aumenta, o preço sofre redução, no mercado. Assim, os produtores reclamam do valor de comercialização do grão. A saca de 60 quilos do feijão verde é venda por R$ 60,00, em média, no campo. A saca de 60 quilos do feijão de corda é comercializada por um melhor preço, em média, R$ 150,00. “Comecei esse plantio no meio do ano e até o final deste mês espero colher o restante da safra”, disse Edelmar Batista. “Já colhi mais de cinco mil quilos de feijão”. Diariamente, vendo cinco sacas. “O preço está um pouco baixo, mas compensa porque está dando lucro”. Ele cultivou quatro hectares do grão. O trabalho no campo é intenso. Logo cedo, por volta das seis horas da manhã, já tem gente no campo limpando a terra, colhendo. O produtor rural Robério Ferreira, impulsionado pelas boas vendas do produto ainda no campo, nesse ano ampliou a área de cultivo de feijão de três para dois hectares. “A colheita foi boa e espero plantar mais no próximo ano”, assegurou. Apesar de estarem otimistas com a safra, alguns produtores reclamam do elevado custo de produção e do preço de comercialização do produto. A saca de 60 quilos de feijão de corda varia entre R$ 100,00 e R$ 180,00. “O preço já esteve melhor, mais de R$ 300,00 a saca de 60 quilos, no início do ano”, relembra. Nesta safra irrigada, de acordo com produtores rurais, somente nas áreas de várzeas na bacia do Açude Orós, entre os municípios de Iguatu e de Quixelô, são cultivados mais de 50 hectares de feijão. O nível atual do reservatório está em 50%. No campo, os agricultores rezam e esperam um bom inverno em 2015 para recarga da barragem. “Quando as águas voltarem a subir, vamos plantar em outras áreas, em terras mais altas”, disse João Pereira. “O que queremos é ver o açude encher novamente”. Emprego e renda Além da bacia do Açude Orós, o cultivo irrigado de feijão-de-corda ocorre também nas várzeas de várias lagoas e do Rio Jaguaribe, neste Município. O cultivo nesta época do ano modifica a paisagem local. A produção gera emprego e renda no campo para cerca de 200 famílias. Nas áreas de produção, os agricultores estão contentes e a colheita tem confirmado a expectativa de uma boa safra. No entorno da Lagoa de Iguatu, são cultivados aproximadamente 20 hectares de feijão. A lavoura é irrigada a partir da água que se acumula no reservatório natural. Os produtores rurais usam até três motores elétricos e cerca de 600 metros de tubulação para irrigar toda a lavoura. A área total de cultivo é de 100 hectares, mas neste ano, por causa da seca, o nível da lagoa está baixo e só permitiu o plantio de 20% das terras férteis e adequadas para a produção de feijão. Para o cultivo no entorno da Lagoa de Iguatu a média de produtividade é de 2,5 mil quilos por hectare. Em outra unidade produtiva de Iguatu, no sítio Cardoso Um, os agricultores aproveita ainda mais a área, plantando feijão de corda consorciado com o milho, nas várzeas do Rio Jaguaribe. A lavoura também obtém bom desenvolvimento. Cultivo consorciado O agrônomo, Luis Monteiro, observa que o cultivo consorciado de milho e feijão favorece o crescimento das duas lavouras, do grão e da leguminosa. “Um ajuda o outro, o milho aporta o nitrogênio e o carbono que o feijão precisa”, explicou. “A produção consorciada enriquece o solo e está em sintonia com a natureza”, destaca. “Aqui tem água, terra boa e irrigação”, disse o produtor rural, Francisco Uchoa. O agricultor Francisco Sobrinho plantou no início de junho. “Tendo coragem para trabalhar. A produção está garantida, mesmo em um ano de seca”, enfatizou. “Tudo isso por causa da irrigação”. Os produtores reclamam da dificuldade de mão-de-obra no sertão. “Poucas pessoas querem trabalhar e isso dificulta a produção no campo”, disse o agricultor, José Oliveira. “A gente procura um trabalhador na ribeira do (Rio) Jaguaribe, aqui em Iguatu, e não encontra”. Honório Barbosa Colaborador Fonte: Diário do Nordeste
Zeudir Queiroz

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