Maranguape precisa de dez anos para recuperar área desmatada da Aratanha

FORTALEZA, CE, BRASIL,  04-12-2015: Paulo Neves, Secretário de meio ambiente de Maramguape. Desmatamento irregular na serra de maranguape. (Foto: Chico Alencar/Especial para O POVO)

Com um drone, cedido pela Prefeitura de Maranguape, a reportagem do O POVO registrou imagens aéreas da devastação de parte da Mata Atlântica dali. De cima, o rasgo no verde da floresta úmida surpreende. Serão precisos pelo menos dez anos para recuperar trecho de mais de um hectare desmatado ilegalmente por um empresário.

  A constatação é de Paulo Neves, secretário do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Urbano e Agrário de Maranguape. Para ele é urgente se começar o reflorestamento. Como o trecho devastado se deu em altos e baixos do terreno, os riscos de erosão e deslizamento são ameaça que ronda a floresta e os sítios habitados na Aratanha. “Aqui, como está, tanto é danosa uma quadra chuvosa intensa como é arriscado um tempo de estiagem. O problema pode se agravar”, alerta.   Sem a presença das espécies centenárias que foram derrubadas, a terra agora exposta perdeu a trama de raízes que davam sustentação ao solo dali. “O impacto eólico já está se dando de uma maneira diferente e poderá ser mais devastador. E uma chuva mais forte deverá ter o efeito de enxurrada serra abaixo”, prevê Paulo Neves.   Outra imagem que impressiona, ainda mais vista do alto, é a fenda que foi cavada para barrar um das nascentes da Aratanha. O empresário mandou canalizar a água da serra e iniciou a construção de um grande lago na propriedade onde construiria uma casa de veraneio. Aquele entorno, ressalta Paulo Neves, é território onde nasce o rio Cocó. Manancial que atravessa os municípios de Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza – onde deságua no oceano Atlântico.   E agora?   O desmatamento de mais de um hectare de Mata Atlântica, denunciado em outubro pelo O POVO, acabou reativando o Comitê Gestor da APA Municipal da Serra da Aratanha e forçando parcerias entre Governo do Estado e a Prefeitura de Maranguape. A burocracia ainda dita o ritmo das ações de reflorestamento e responsabilização do agressor, mas há decisões sendo encaminhadas.   Uma delas, iniciativa da Prefeitura de Maranguape, foi instalar o programa de videomonitoramento de duas entradas da serra de Maranguape. Segundo Paulo Neves, as imagens serão compartilhadas, via internet, entre a Guarda Municipal de Maranguape e a Polícia Ambiental.   Duas câmeras foram instaladas, mas a operacionalidade ainda depende de ajustes para que possa auxiliar no combate a crimes ambientais como transporte ilegal de madeira e carvão.   Além disso, um drone será utilizado para apurar denúncias. A serra é esquadrinhada por propriedades particulares e muitas vezes o acesso é proibido Com o equipamento aéreo o monitoramento será possível.   E, finalmente, a Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema) ocupará um escritório na Estação de Inovação e Tecnologias Ambientais de Maranguape. De onde desenvolverá atividades de gestão da Unidade de Conservação da Aratanha.   Saiba mais   Denúncia Em 9/10/2015, O POVO denunciou o desmatamento da Mata Atlântica na APA da Aratanha, na localidade de Espírito Santo. Além de destruir parte da mata, também foi barrado um nascente d’água . O secretário Paulo Neves, do Meio Ambiente de Maranguape, a Polícia Civil e a Semace identificaram o empresário José Fernando Leal como responsável pelo crime ambiental. O POVO aguarda, há mais de um mês, resposta a um pedido de uma entrevista feita a José Leal. Fonte: O Povo Online
Zeudir Queiroz

Compartilhar notícia: