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Advogado é condenado a 24 anos de prisão

O crime ocorreu em 2001, durante briga de trânsito. A vítima foi atingida com uma chave de fenda na cabeça

A defesa foi representada pelo advogado Clayton Marinho. O réu Vítor Quinderé Amora passou quase todo o julgamento de cabeça baixa FOTOS: NATINHO RODRIGUES
A defesa foi representada pelo advogado Clayton Marinho. O réu Vítor Quinderé Amora passou quase todo o julgamento de cabeça baixa
FOTOS: NATINHO RODRIGUES

Após exatos 13 anos do crime que chocou o estado do Ceará, o advogado Vítor Quinderé Amora, que matou o comerciante Wildson Saraiva Belém com um golpe de chave de fenda na cabeça, foi condenado a 24 anos, 10 meses e 15 dias pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal Popular do Júri da Comarca de Fortaleza. O magistrado Antônio Carlos Pinheiro Klein Filho presidiu o julgamento. A defesa apelou da decisão, mas o réu vai aguardar o recurso preso, conforme informou o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE).

Os jurados acataram a tese da acusação de homicídio e tentativa de homicídio, ambos com duas qualificadoras, motivo fútil e meio cruel. A defesa de Vítor defendeu a tese de legítima defesa. O julgamento, que durou mais de 13 horas, teve início às 9 horas da manhã.

O primeiro a depôr foi o pai de Wilson, o senhor José Wilson Belém, de 80 anos, que descreveu com detalhes e emoção sua versão sobre o caso. “Meu filho se envolveu em um acidente com um senhor e me telefonou para eu ir até lá. Eu fui até lá. Quando eu cheguei, ele me apresentou ao senhor que bateu no carro. O para-lamas da Belina estava amassado e meu filho abriu a porta para olhar se não tinha alguma coisa amassada. Quando uma pessoa buzinando insistentemente e colocando o carro pra cima da gente”, explicou o senhor Belém.

“O rapaz que trabalhava com a gente bateu no teto do carro (Golf do Vitor). E ele (Vitor) disse: ‘Tira essa p* daí’. Essa p* tá atrapalhando o trânsito. Meu filho perguntou: ‘Eu vou colocar aonde?’ e o outro (réu) respondeu ‘enfia no … E falou um palavrão’. Ele parou o carro e colocou o pé de fora eu fui até lá e disse ‘meu amigo vá embora. Não desça’ e ele recolheu a perna, eu fechei a porta do carro normalmente e ele foi embora”, ressaltou a testemunha.

Wilson disse que acreditou que o caso estava encerrado. “Foi quando meu filho disse. ‘Papai eu vinha devagar que não deu tempo nem eu frear o carro. E foi me mostrar lá atrás que não tinha marca de freio no asfalto. Entre a calçada, uma casa e a Belina. Foi quando uma pessoa gritou: ‘Vem um homem’ e quando me virei ele estava em cima de mim. Eu colocava minha mão entre a chave de fenda e a cabeça dele. E tentei agarrar”, disse em meio a emoção. “Eu não posso falar nesse caso que fico me acabando assim por dentro, como se aquilo tivesse sido ontem. Essa é a mais pura verdade que aconteceu naquele dia”.

O caso

Conforme o processo, o crime ocorreu em 7 de agosto de 2001, por volta das 13h30, na rua Frei Mansueto, bairro Varjota, em Fortaleza. Na ocasião, José Wildson dirigia um veículo e se envolveu em acidente. O pai dele, José Wilson, foi ao local para acompanhar o filho. Os dois carros ficaram parados na rua, mas sem impedir a passagem de outros veículos. Conforme a denúncia, Vitor Quinderé transitava pela via e buzinava insistentemente, dirigindo de modo imprudente, a ponto de quase atropelar pessoas que estavam no local.

Um funcionário da vítima deu um tapa no teto do veículo do acusado. O réu, então, entrou no carro, mas estacionou novamente 50 metros adiante e retornou ao local com uma chave de fenda na mão. Em seguida, passou a agredir a José Wilson na cabeça e no ombro. O filho, ao tentar socorrer o pai, foi atingido com um golpe na cabeça. Ele foi socorrido e ficou internado, mas não resistiu.

Jéssika Sisnando
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz