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Família inaugurará Memorial Joaquim de Sátiro, na Boa Vista, sábado, dia 09

DSC_9733Várzea Alegre ganhará no próximo dia 09 de agosto o Memorial Joaquim de Sátiro, um projeto idealizado e concretizado neste ano pelos descendentes do homenageado. No próximo sábado, convidados, amigos e familiares da família Sátiro, participarão de uma missa que será realizada no próprio local, no alto da serra da Boa Vista, na Sede Rural, a cerca de 5km de Várzea Alegre, às 16h30min, pelo padre José Mota Mendes, na intenção da alma de todos os familiares que já não estão mais entre nós, além de celebrar, em Ação de Graças, os 80 anos de Nicolau Sátiro, tendo logo após, a bênção do Memorial Joaquim de Sátiro.

O projeto nasce da mobilização do médico Carlyle Aquino, e traz à luz da história de Várzea Alegre um de seus nomes mais importantes. Para medir sua importância para a nossa gente, basta dizer que Joaquim de Sátiro, nascido no ano de 1900, foi o pai de Dr. Pedro Sátiro, por quem este tem deveras veneração, em razão do caráter e dos princípios que lhe foram repassados por aquele, ainda quando criança, mas que se fazem presentes até hoje em suas atitudes diante da vida. Imagino que Dr. Pedro Sátiro esteja realizando um grande sonho, e talvez para ele, o mais importante, que é o de perpetuar o nome de seu pai, suas raízes, seu passado, rico em histórias e contribuições concretas para a nossa cidade.

O acervo do Memorial Joaquim de Sátiro

Joaquim de Sátiro
Joaquim de Sátiro

Várzea Alegre passa a ter, a partir da inauguração deste memorial, um pedaço da sua história transformada em realidade. O projeto pioneiro na área cultural, servirá como ponto de visita para alunos, estudiosos, escritores e mesmo para leigos que queiram saber mais sobre a história de Várzea Alegre, já que Joaquim de Sátiro foi um daqueles desbravadores do sertão, que deram muito das suas vidas para transformar esta cidade no que ela é hoje. Os cômodos da casa foram divididos entres os familiares, para que cada membro possa contar a sua própria história, ressaltando os relevantes serviços prestados por eles à sociedade, sempre tendo como ponto de referência o patriarca Joaquim de Sátiro, cuja história ficará na parte central da casa, bem na sala de visitas.

Dr. Carlyle Aquino, hoje um dos médicos mais ilustres da família, fez questão de preservar todos os traços originais da casa onde morou seu avô e que foi totalmente reformada. Para ser fiel ao projeto original, o médico contou com o apoio de toda a família, inclusive, graças a este auxílio, foi possível reaver peças do mobiliário do seu avô, que estavam espalhadas entre as diversas residências da família, desde à época da sua morte. Também é importante lembrar que a casa, agora memorial, está situada próximo ao marco zero do grande açude de Várzea Alegre, obra iniciada no de 1919, pelo governo federal, e que foi abandonada no ano seguinte. Portanto, o lugar tem uma forte ligação com a própria história de Várzea Alegre.

Dr. Carlyle espera que o gesto da família Sátiro possa ser imitado por outras famílias tradicionais de Várzea Alegre, no sentido de recuperar e divulgar a história de seus antepassados, valorizando as suas origens. Ele acrescenta que acha inviável esperar que o poder público tome iniciativas como esta, uma vez que a burocracia e as dificuldades para conceber e manter um projeto dessa natureza são enormes.

História de Joaquim de Sátiro

Joaquim Alves de Oliveira (Joaquim de Sátiro) nasceu em 01 de julho de 1900, no Sítio Boa Vista, Várzea Alegre, Ceará, filho de João Alves de Oliveira (João de Sátiro) e de Ana Gonçalves de Morais.  Cresceu acostumado aos trabalhos da agricultura e pecuária sertanejas.

Casou-se com Maria Bezerra de Morais, em 05 de novembro de 1922, na Matriz de São Raimundo Nonato. Em 1925, decidiu construir esta casa de morada, e assim o fez, no alto de uma serra de difícil acesso, mas de belíssima vista. Aqui tiveram seis filhos: Luiza, João, Pedro, Elizeu, Nicolau e Estevam. Também adotaram outros três: Rita, José e Raimundo.

Com seu trabalho, Joaquim prosperou e comprou terras e gados. Fez patrimônio, sem esquecer o mais importante: conquistou respeito, fez inúmeros amigos, teve centenas de compadres e afilhados, além de fazer de sua casa ponto de rancho para muitos que viajavam por estas bandas.

Em 1949, tomou uma decisão que repercute até hoje para o bem da cidade de Várzea Alegre. Encaminhou um de seus filhos, Pedro Sátiro, já aos 19 anos, para estudar fora. Sonhava que ele voltasse a nossa terra e servisse a sua família e ao nosso povo, como médico.

Em 1962, Dr. Pedro retornou e, até hoje, vem servindo a esta cidade como médico, além de ter conquistado, junto ao povo varzealegrense, três mandatos de prefeito, num total de 14 anos dirigindo os destinos da nossa terra. No mesmo ano de 1962, Joaquim de Sátiro trouxe do Sítio Bravas – Cariús, para morar em sua casa, um sobrinho seu, Raimundo Sátiro, de 17 anos, para iniciar seus estudos. Este acabou sendo adotado por Dr. Pedro, seguiu seus passos e também serve a esta terra como médico.

Em 02 de abril de 1964, Joaquim de Sátiro perdeu Dona Maria e ficou viúvo. Casou-se novamente, em 16 de maio de 1965, com Dona Raimunda Gonçalves da Costa e teve com ela mais quatro filhos: Ana, Maria Luiza, Regina e Elano.

Em 1972, descobriu a doença que o consumiu rapidamente, após muito sofrimento. Perto de morrer, chamou seu filho Pedro, e lhe fez dois pedidos: que ele e seus irmãos pagassem um empréstimo feito em seu nome, para que este jamais fosse protestado em cartório; e que mesmo depois de sua morte, Padro jamais abandonasse seus irmãos, especialmente os mais novos, que ficariam sem pai, ainda muito pequenos.

Joaquim de Sátiro morreu em 05 de agosto de 1972 e foi sepultado em Várzea Alegre, no Cemitério da Saudade, mas deixou sua marca viva na memória de seus descendentes e amigos: o exemplo de honestidade, disciplina, perseverança, amor ao trabalho e devoção à família.

Outros filhos ilustres de Várzea Alegre poderiam ter ser seus acervos disponibilizados ao público

O poder público não tem tratado com zelo a memória de alguns filhos ilustres da nossa terra. Em Várzea Alegre, podemos citar o projeto do Memorial Padre Vieira, cujos objetos pessoais que foram doados pela família do sacerdote ao Instituto Padre Vieira, estão embalados em caixas até hoje, quase à beira do esquecimento. O projeto, que chegou a ter prédio com fachada, nunca saiu do papel. Hoje a memória de Padre Vieira está presente apenas, de fato, no monumento localizado em uma das entradas da cidade ou em eventos esporádicos realizados pela Secretaria de Cultura local. Mas o seu legado, a sua luta em favor do jumento, a sua inteligência, os seus livros, e todos os elementos que contam quem foi Padre Vieira, com toda a sua grandeza e importância para Várzea Alegre, estão em alguma sala empoeirada de algum prédio da nossa cidade.

E o que dizer da casinha simples, em que nasceu e viveu o poeta José Clementino, na comunidade de Juazeirinho, distrito de Canindezinho. As ruínas que aparecem na imagem que vem a seguir, depõem contra um povo que diz amar a sua cultura, mas que demonstra com atos de indiferença seu real sentimento por quem tanto fez por nossa história.

O homem que tanto exaltou nossa gente, nossos costumes, que imprimiu com a tinta inapagável do seu talento a alma do varzealegrense na letra do nosso Hino, hoje não tem um ponto de referência oficial para que sua obra seja estudada e seu nome perpetuado. Só nos resta a família de Zé Clementino, quem mantém viva a sua memória, como única fonte de pesquisa. Nos agarremos, então, na esperança de que um dia toda essa realidade mude.

Fonte:

http://nonattoalves.com/blog

Fonte: http://nonattoalves.com/blog

Zeudir Queiroz