Moradores de Caucaia reclamam de mudanças no transporte alternativo e exigem melhorias

Foto: Reprodução da web

Moradores do município de Caucaia têm manifestado sua insatisfação diante das recentes mudanças no transporte alternativo intermunicipal, que faz a ligação entre Caucaia e Fortaleza. Conhecido como “topiques”, esse transporte desempenha um papel fundamental na mobilidade dos residentes da região, especialmente nas áreas mais afastadas do centro de Fortaleza. Com a implantação do programa Vai Vem, uma iniciativa do governo do Estado do Ceará, houve a regulamentação do sistema de transporte alternativo, incluindo o recebimento do bilhete único metropolitano e a gratuidade para estudantes e desempregados. No entanto, essa regulamentação também resultou em uma drástica redução no número de topiques em operação, afetando negativamente o atendimento à demanda da população.

Antes dessa regulamentação, a linha do bairro Araturi contava com 10 topiques, que atendiam de maneira satisfatória aos usuários, proporcionando uma alternativa de transporte eficiente para a população. No entanto, com a redução imposta pelo governo, agora restam apenas duas topiques para atender toda a demanda de passageiros dessa região, o que inclui o Araturi e a Grande Jurema, na avenida Dom Almeida Lustosa. A situação tem gerado grandes transtornos para os moradores, que dependem desse transporte para se deslocar diariamente.

A problemática não se limita apenas ao Araturi. Toda a Regional 1, que engloba Caucaia e os demais municípios do Vale do Curu, foi contemplada com apenas 20 veículos alternativos, sendo que Caucaia, uma das maiores cidades da região, com uma população crescente e inúmeros bairros populosos, ficou com apenas 10 vagas. Essa distribuição desproporcional gerou reclamações, já que muitos bairros que antes contavam com um serviço de transporte alternativo acessível e regular agora estão sem atendimento ou com atendimento bastante precário. A situação é agravada pelo fato de que alguns bairros, especialmente os mais afastados, dependem exclusivamente das topiques, e a redução no número de veículos dificultou ainda mais a mobilidade.

A desproporcionalidade de ônibus e alternativos

Enquanto isso, a empresa de ônibus Vitória, que também opera na região, teve 187 vagas liberadas para atender a mesma Regional 1, o que contrasta fortemente com as 20 vagas concedidas aos veículos alternativos. Segundo Sidney Martins, representante da categoria de topiqueiros, não há como atender à alta demanda de passageiros com a quantidade tão limitada de veículos em operação. Ele ressalta que a situação tem causado enormes atrasos, já que os poucos veículos que ainda operam não conseguem atender todos os passageiros, resultando em longos períodos de espera. “Não existe horário certo para os passageiros, e com isso, poucas pessoas estão optando pelo alternativo”, afirmou Martins, destacando que a imprevisibilidade nos horários desanima os usuários, que muitas vezes acabam desistindo de esperar.

Para os passageiros, a situação também tem se tornado insustentável. Muitos dos que trabalham em regiões centrais de Fortaleza, como na Praça Coração de Jesus e na Heráclito Graça, têm sido obrigados a pegar dois transportes para chegar ao destino. Eles relatam que os ônibus da empresa Vitória não atendem às suas localidades, obrigando-os a utilizar as topiques. No entanto, com a redução no número de veículos e a falta de horários regulares, o uso das topiques também se tornou inviável. Antes das mudanças, as topiques levavam os passageiros até a Praça do Carmo, facilitando o deslocamento para essas áreas centrais, mas com o novo cenário, muitos preferem buscar outras alternativas, mesmo que envolva pagar por mais de um transporte.

Além disso, a população está solicitando que o governo reavalie urgentemente a quantidade de topiques em operação e estabeleça horários fixos para atender os bairros de Caucaia. A principal demanda dos moradores é a ampliação do número de topiques, que devem sair regularmente dos bairros de Caucaia e seguir até o fim da linha na rua Barão do Rio Branco, no Centro de Fortaleza. Segundo eles, essa medida é necessária para garantir o direito de ir e vir de todos os cidadãos, especialmente daqueles que dependem exclusivamente do transporte público.

Passageiros solicitam mais alternativos

Diante desse cenário, espera-se que as autoridades competentes tomem providências para melhorar o atendimento do transporte alternativo em Caucaia. A população ressalta que, embora o programa Vai Vem tenha trazido benefícios, como a aceitação do bilhete único metropolitano e a gratuidade para estudantes e desempregados, a falta de veículos disponíveis prejudica o funcionamento eficaz do sistema. Para os moradores de Caucaia, uma solução imediata é essencial para restabelecer a confiança no transporte público e garantir que todos possam se deslocar de forma digna e eficiente.

“Nossa equipe de reportagem tentou obter explicações da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce), porém, até o momento, não foi possível receber qualquer resposta.”

Redação Jornal dos Municípios

Zeudir Queiroz