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Canindé faz captação hídrica como meio para driblar o racionamento

Crise do abastecimento em comunidades do sertão central causa demora até do carro-pipa, aumentando as filas para reserva de água FOTO: ANTÔNIO CARLOS ALVES
Crise do abastecimento em comunidades do sertão central causa demora até do carro-pipa, aumentando as filas para reserva de água
FOTO: ANTÔNIO CARLOS ALVES

Canindé. A crise de desabastecimento de água atinge pelo menos 24 municípios no Interior do Ceará. O número de cidades que enfrentam medidas de racionamento, remanejamento e rodízio de recursos hídricos, tende a crescer nos próximos meses em meio à chegada do período com temperaturas mais elevadas, que resulta em maior consumo, evaporação mais intensa e queda dos níveis dos reservatórios. Em 2015, mais de 30 núcleos urbanos devem estar em situação insatisfatória de abastecimento no Estado. Canindé enfrenta uma das situações mais críticas no Estado.

Ao lado de outras 23 cidades, este município do Sertão Central adotou medidas de racionamento. As maiores dificuldades se dá para moradores de bairros mais elevados. “A água chega à área central, que é baixa, mas não tem força e pressão para subir”, explica o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Canindé, Rômulo Magalhães. “Estamos implantando um sistema com 55 ferrolhos (chaves) que permitem a manobra e distribuição de água em dias alternados para, ao menos, cinco setores”.

Contingência

Magalhães assumiu o SAAE de Canindé há cerca de um mês e elaborou um plano de contingência e emergência para enfrentar a crise de abastecimento. Os dois açudes, Souza e São Mateus, responsáveis pelo abastecimento da cidade, secaram. No ano passado, o Governo do Estado implantou uma adutora de engate rápido a partir do açude Escuridão, numa distância de 30km, que contribui com o sistema de abastecimento.

Outra medida em curso é a captação de água do cacimbão da fazenda Ocara, uma fonte histórica que dará vazão de 30 mil litros de água por hora. Há um mês, quatro carretas fazem o transporte de 30 mil litros de água tratada, cada uma, da Companhia de Abastecimento de Água e Esgoto (Cagece), em Fortaleza, para Canindé. A situação deve melhorar com a implantação de uma segunda adutora de engate rápido, do açude General Sampaio, em Pentecoste, que deverá fornecer 100 litros de água por segundo. A demanda atual é de 149 litros por segundo. A obra é de responsabilidade do governo estadual. “Até o fim de setembro, a nova adutora vai estar concluída e funcionando”, afirmou Rômulo Magalhães.

São Francisco

No mês de outubro começam os festejos em louvor a São Francisco. É o período em que a população da cidade aumenta em até 10 vezes, segundo estimativa de Magalhães. “Asseguramos que não haverá falta de água”, disse. Uma adutora está prevista para o mês de setembro. Uma máquina para dar uma melhor qualidade a água oriunda dos poços será testada esta semana. O objetivo é que o líquido seja purificado, com cloro, ao passar pelo equipamento e em seguida colocado na rede de distribuição do SAAE. “É uma nova tecnologia que chega ao município para resolvermos de vez a questão da qualidade do produto que é consumido diariamente pela população”, explica Rômulo Magalhães.

Sob a responsabilidade da Cagece, 19 cidades adotaram medidas de rodízio no abastecimento de água: Apuiarés, Caridade, Pentecoste, São Luís do Curu, Umirim, Tejuçuoca, Quiterianópolis, Novo Oriente, Catunda, Aratuba, Itatira, Crateús, Alcântaras, Mucambo, Mulungu, Palmácia, Trairi, Martinópole e Jaguaretama. Outras que enfrentam racionamento são: Canindé, Boa Viagem, Caririaçu, Madalena e Quixeramobim.

Em relação ao município de Pentecoste, a Cagece informou que recebeu orientação da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) para realizar a captação de água do Açude Pereira de Miranda (que abastece a cidade) de 45 litros de água por segundo. Um rodízio de abastecimento será feito pela Cagece a partir de outubro.

Atualmente, os 149 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) acumulam um volume de 28,3%. A maior preocupação é com a bacia dos Sertões de Crateús que acumula apenas 2,89%, seguida da Bacia do Curu que está com 4,96% e a bacia do Baixo Jaguaribe com 7,88%. Em 2013, no final da quadra chuvosa, os reservatórios cearenses acumulavam 42,47% da sua capacidade total. A recarga neste ano foi abaixo da média histórica.

Antônio Carlos Alves
Colaborador

Fonte: Diário do Nordeste

Zeudir Queiroz