A Capital cearense é vista, em geral, como um lugar de grandes oportunidades para quem busca uma colocação no mercado de trabalho. As vagas de emprego criadas em Fortaleza podem ser mais variadas e até com melhores salários, porém, já há alguns meses, é no Interior do Estado que a criação de postos formais tem se destacado. Em junho, dos 64 municípios cearenses com mais de 30 mil habitantes, 32 contrataram mais do que demitiram, enquanto um não teve variação e os outros 31 fecharam mais postos. A Capital ficou no grupo dos que mais eliminaram vagas.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na última quarta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, enquanto Fortaleza registrou um saldo negativo de 1.156 postos de trabalho em junho – pior resultado entre as 64 cidades analisadas -, o município de Aquiraz, na Região Metropolitana, foi o que apresentou o maior saldo positivo de empregos formais, com 253 postos de trabalho a mais, resultado de 703 admissões e 450 demissões, um crescimento de 1,71% em relação ao mês anterior.
O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Ceará, Ediran Teixeira, explica que é comum que haja um maior número de demissões no primeiro semestre, entretanto, o que não é natural é o grande volume de desligamentos, que foi agravado pela crise econômica no País. “A economia deve se recuperar a partir de julho, nós temos alguns sinalizadores que mostram que teremos um segundo semestre melhor do que no ano anterior. A indústria voltou a contratar no mês de julho, e a indústria alavanca os demais setores, principalmente o comércio”, ressalta o economista.
Melhores desempenhos
Ainda considerando o número absoluto do saldo de empregos formais, os melhores desempenhos no mês passado, após Aquiraz, foram registrados em Aracati (145 vagas), Brejo Santo (133),Santa Quitéria (115), Crato (94) e Cascavel (89). Já considerando a variação relativa, os maiores crescimentos na geração de empregos formais foram verificados em Santa Quitéria (5,85%), Granja (3,07%), Brejo Santo (2,93%), Morada Nova (2,26%) e Viçosa do Ceará (2,13%).
Segundo o analista de Mercado de Trabalho do Instituto do Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Mardônio Costa, as empresas cearenses estão demitindo menos. “A situação ainda é preocupante, mas essa deterioração começa a ser amenizada. Há uma tendência de recuperação que anima os agentes econômicos”, afirma, lembrando da queda no número de demissões no Ceará ao longo do primeiro semestre de 2016: janeiro (8.146); fevereiro (4.171); março (4.701); abril (2.266); maio (2.906); e junho (1.926).
Recuperação
Mesmo com os resultados ainda mais negativos em comparação ao Interior, a Região Metropolitana de Fortaleza vem mostrando recuperação do seu mercado de trabalho. Conforme Pesquisa do Emprego e Desemprego (PED), a taxa de desemprego caiu de 12,9% em maio para 12,7% em junho entre a População Economicamente Ativa (PEA), o que denota estabilidade.
Segundo a pesquisa, o contingente de desempregados na RMF em junho deste ano foi estimado em 231 mil pessoas, 5 mil a menos do registrado em maio. Ao todo, o contingente de ocupados foi estimado em 1,59 milhão.
O Ceará encerrou o primeiro semestre deste ano com a perda de 24.948 postos de trabalho de carteira assinada, saldo decorrente de 210.431 admissões e 235.379 desligamentos. A quantidade de vagas fechadas supera em mais que o dobro o número referente aos primeiros seis meses de 2015 (-11.392).
Menores salários
Ediran Teixeira enfatiza ainda que, apesar de ter aumentado o número de pessoas com carteira de trabalho assinadas, um fator que se destaca é que os trabalhadores brasileiros estão se sujeitando a ganhar menos para retornarem ao mercado de trabalho.
“Os salários estão sendo menores em até 6% nas novas contratações, todas as pesquisas apontam isso, inclusive o Caged. As pessoas, independentemente da faixa de qualificação, estão aceitando salários menores para voltar ao mercado, as pressões fazem com que os trabalhadores aceitam essas propostas menos atrativas, com maior precarização”, conclui o economista.
Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
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