Em 2012, o montante já é superior ao total de autorizações concedidas em todo o ano de 2011
Nos últimos anos, vem crescendo o número de investimentos estrangeiros no Ceará, gerando, como uma das primeiras consequências, a ampliação da quantidade de trabalhadores oriundos de outros países que chegam ao Estado. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ceará nunca recebeu tantos profissionais estrangeiros quanto agora. Somente entre janeiro e setembro deste ano, foram concedidas 671 autorizações de trabalho temporárias e permanentes para trabalhadores estrangeiros atuarem no Estado. O montante já é superior ao total de autorizações concedidas em todo o ano de 2011 (664).
O engenheiro coreano Jong Uk Moon veio acompanhar as obras da CSP FOTO: DIVULGAÇÃO
Neste ano, o quadro das nacionalidades de trabalhadores mais presentes no Ceará sofreu uma importante alteração. Pela primeira vez, segundo o MTE, o Estado recebeu trabalhadores da Coreia do Sul, que já aparecem no topo no ranking de autorizações para trabalho, desbancando os italianos, antigos donos da primeira posição desde 2009. Esse resultado tem ligação direta com o início das obras da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), empreendimento realizado por meio de uma sociedade entre a brasileira Vale e as sul-coreanas Posco e Dongkuk.
Maioria
Até o último mês de setembro, 176 autorizações de trabalho temporárias e permanentes foram emitidas para os sul-coreanos. Entre elas, está a do engenheiro civil Jong Uk Moon, que veio acompanhar o processo de implantação da CSP. Moon é gerente geral sênior do Departamento de Contrato, Risco e Reclamação da Posco Engenharia e Construção, empresa sul-coreana responsável pelas obras da estrutura física da CSP.
Outra mudança no quadro das nacionalidades de profissionais que mais chegam para trabalhar no Ceará diz respeito aos espanhóis, que há três anos não figuravam no ranking do MTE e hoje já aparecem entre os primeiros colocados. No acumulado do ano, foram emitidas 57 autorizações para os trabalhadores espanhóis, que ocupam a 4ª posição no ranking, atrás apenas dos sul-coreanos (176), dos portugueses (131) e dos italianos (89). “A Silat (Siderúrgica Latino-Americana S/A) já está trazendo mão de obra estrangeira para facilitar a implantação do empreendimento. A CSP também. É um número grande de técnicos e engenheiros que vêm para o Ceará para nos ajudar a implantar esses projetos”, afirma o economista e consultor internacional Alcântara Macedo.
Positivo
Conforme o consultor, a vinda de trabalhadores estrangeiros para o Ceará é positiva quando associada aos trabalhadores locais, criando a oportunidade de ampliação do conhecimento local. “A chegada ao nosso Estado de mão de obra especializada oriunda de outros países é algo bom na medida em que a gente coloca junto a mão de obra local, em um processo de difusão do conhecimento e de transferência de tecnologia”, avalia.
Alcântara Macedo acrescenta que, com crise econômica que afeta a Europa, também vem crescendo a quantidade de trabalhadores especializados que vêm para o Brasil e para o Ceará. “A Europa tem uma mão de obra bem treinada. Nós aqui também possuímos excelentes instituições de ensino. Unir o conhecimento e a experiência dos europeus à nossa inteligência é uma forma de dar velocidade ao nosso processo de conhecimento e de antecipar o futuro”, diz.
Qualificação
De acordo com o MTE, o requisito básico para a vida de trabalhadores estrangeiros ao Brasil é que esses profissionais não ocupem vagas que possam ser preenchidas por trabalhadores brasileiros. Assim, as empresas que contratam estrangeiros devem demonstrar a não existência dessa mão de obra especializada no Brasil e comprovar que os estrangeiros contratados possuem qualificação, ou seja, escolaridade e experiência, compatíveis com as atividades que irão executar no Brasil. Uma das medidas adotadas pelo governo federal para garantir o mercado de trabalho para os profissionais locais é a exigência para que a empresa mantenha um programa de treinamento de brasileiros nessas atividades ocupadas por estrangeiros, cujos vistos tem períodos de até um ano. Terminado o prazo de autorização, as empresas serão obrigadas a demonstrar a necessidade da continuidade de sua presença, mesmo com o treinamento de brasileiros para a função.
Do Diário do Nordeste
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