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PRÉDIO DA FARMÁCIA OSWALDO CRUZ É TOMBADO PELA PREFEITURA

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A decisão foi tomada, após dois meses de estudos, em uma reunião do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), na sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor).

O tombamento engloba o prédio e todos os bens integrados: equipamentos, utensílios, galerias, livros, prateleiras, piso e todo material que faz parte da história da farmácia desde a sua fundação. Porém, a drogaria ainda aguarda o processo do registro no livro dos lugares que são alvos de uma inspeção da Secultfor a cada dez anos, com a finalidade de provar a continuidade das práticas farmacêuticas.

A decisão não foi fácil, pois o parecer executado pelo representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) Seção Ceará, Augusto César Paiva, e por Alenio Carlos Noronha de Alencar, representante da Associação Nacional de História (ANPUH), também do núcleo Ceará, tombava somente o prédio onde fica localizada a farmácia e apenas recomendava uma análise aprofundada dos bens integrados para que a ação fosse executada em outro momento.

No entanto, para alguns membros do Comphic e também para advogados e proprietários da Oswaldo Cruz, a decisão abriria a possibilidade de funcionamento de outro estabelecimento no lugar da drogaria. Diante disso, uma votação entre os conselheiros resolveu tombar tanto o prédio, quanto os bens integrados da farmácia. “Para garantir que o uso se mantenha, é preciso amarrar o tombamento do prédio com os bens integrados. Do contrário, no lugar da farmácia, poderia funcionar uma boate”, ressalta Clélia Monasterio, coordenadora do Patrimônio Histórico Cultural da Secultfor.

Vitória
Para a proprietária da Farmácia Oswaldo Cruz, Fátima Ciarlini, o tombamento não foi apenas uma vitória da família dela, mas também de toda a sociedade cearense. “Após muito sofrimento, a Justiça Divina e dos homens foi feita. Diante dessa decisão, vou continuar mantendo o ideal do meu pai, oferecendo serviços de saúde a quem precisa”, afirma.

Ela explica que o impasse do possível fechamento da drogaria começou após o falecimento do proprietário do prédio, o empresário Plácido Paiva. Segundo ela, as irmãs de Paiva se tornaram locatárias do imóvel e chegaram a pedir três vezes a mais o valor cobrado pelo aluguel. Só então, com ajuda do pesquisador e historiador Miguel Nirez Azevedo, a família entrou com o pedido de tombamento.

Para o historiador, o processo garante a conservação da memória da cidade. “Eu vivia apreensivo com a possibilidade do desaparecimento da Farmácia Oswaldo Cruz, pois, além da importância histórica que ela tem, há um significado turístico para Fortaleza”, conclui.

FIQUE POR DENTRO
Estabelecimento é pioneiro em manipulação
A Farmácia Oswaldo Cruz, fundada em 1934, foi a pioneira em manipulação no Estado do Ceará. O primeiro proprietário do estabelecimento foi Hortêncio Mota. Cerca de dez anos depois, ele vendeu a drogaria ao então empregado Edgar Rodrigues de Paula, falecido há três anos. A farmácia tem 32 funcionários e possui uma filial no município de Caucaia, aberta há um ano e seis meses. O setor de manipulação da drogaria foi reestruturado para atender às novas normas técnicas da legislação vigente, adequando-se aos padrões de qualidade exigidos. Possui equipamentos de última geração, por isso, as fórmulas são produzidas em até uma hora.

Zeudir Queiroz