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Ceará teve em 2016 uma das maiores secas da história

Seca e nasaFortaleza. Com uma pluviometria 45,2% menor em relação à média para os meses de fevereiro, março, abril e maio, 2016 somente só não foi pior do que 2012, ao considerar os cinco anos consecutivos de seca. A informação é da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), que divulgou, ontem, balanço oficial da quadra chuvosa. As informações ratificaram a preocupação diante do quinto ano de estiagem no Estado e, por ser ainda cedo, há muita cautela pela ausência de dados científicos que garantam otimismo de boas precipitações em 2017.

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, disse que a tendência de chuvas para o próximo ano permanece incerta, em vista de ainda ser cedo para qualquer previsão. No entanto, ressaltou que já há um quadro de resfriamento no centro do Oceano Pacífico, em torno de 60%, mas que é preciso que a influência negativa do aquecimento, decorrente do fenômeno El Niño, ocorra em todo a região oceânica.

La Niña

Enquanto isso, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), mantido pelo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), tem identificado já a atuação do fenômeno La Niña, em precipitações a ocorrer no Brasil. O meteorologista do Inpe, com sede em São Paulo, Luiz Souza, informou que esse modelo, representando em esfriamento de águas do Atlântico, até o Pacífico Equatorial, pode apontar para chuvas em dezembro de 2016 até fevereiro de 2017 do Amapá ao Maranhão, com possibilidade de chuvas mal distribuídas no Semiárido.

Souza reforçou a avaliação da Funceme de ainda ser cedo para precisar sobre a quadra chuvosa no próximo ano. Uma nova reunião sobre clima, com o Inpe e a Funceme, ocorrerá na próxima semana, em Brasília.

A média de chuvas no Estado para esse quadrimestre, medida entre os anos de 1981 e 2010, é de 600,7 mm. Neste ano, ficou em 329,3 mm, caracterizando a oitavo pior quadra chuvosa já registrada no Ceará. Em 2016, o Estado apresentou um quadro de chuvas pior do que em 2015, quando teve desvio de -30,3%.

Além disso, todas as regiões do Estado tiveram precipitações abaixo da normalidade neste ano de 2016, sendo a Jaguaribana a mais afetada, ficando 54,5% abaixo da média, seguida de Sertão Central e Inhamuns (-52,3%), Ibiapaba (-45,7%), Maciço de Baturité (-45,7) e Cariri (-42,9%). Desvios menores foram registrados no Litoral Norte (-38,9%) e Litoral de Fortaleza (-39,1%). O Litoral de Pecém teve menor desvio (-25,1%).

Eduardo Martins disse que a quadra chuvosa desfavorável neste ano revela um panorama preocupante com as reservas hídricas do Estado. Dos 153 reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), 25 estão secos e 39 no nível morto. O Açude do Castanhão dispõe atualmente de 8,89% da sua capacidade, estimada em 6,7 bilhões de metros cúbicos.

“O Estado é tão crítico que temos que reforçar que todos os usos das águas disponíveis devem ser prioritários”, afirmou o presidente da Funceme. Ele observou que todos os meses da quadra tiveram chuvas abaixo da média, com destaque negativo para fevereiro (-55,3%), seguido de abril (-47,8%), maio (-46,6%) e março (-36,2%).

Castanhão

Com relação ao nível do Castanhão, Eduardo Martins lembrou que a região Jaguaribana foi uma das mais castigadas pela baixa quantidade de chuvas. Ele lembrou que, se não fosse a recarga em 2011, seria improvável que o reservatório ainda estivesse com uma capacidade hídrica de atender Fortaleza e Região Metropolitana nesses últimos anos de seca.

No primeiro semestre deste ano, somente janeiro apresentou um nível de precipitações acima da média, que é de 98.7, chovendo 192,2. “Foram essas chuvas boas que resultaram, inclusive, no sangramento de algumas barragens”, destacou.

No início do ano, a Funceme já havia previsto que o Ceará enfrentaria em 2016 o seu quinto ano de estiagem. Na ocasião, o órgão informou que havia probabilidade de 65% de a quadra chuvosa ser abaixo da média; 25% em torno da média; e apenas 10% acima da média.

Conforme a Funceme, ainda têm sido observadas chuvas no Ceará, mas são eventos isolados provocados pelos sistemas distúrbios ondulatórios de leste, ou ondas de leste.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/

Zeudir Queiroz