O quadro da sucessão municipal em Fortaleza, embora quase todas as peças já estejam nos seus devidos postos, como em todas as outras prefeituras brasileiras, só ficará definido em abril do próximo ano em razão do novo prazo de filiação partidária, reduzido de um ano para seis meses, antes do pleito, tendo o mês de março como o permitido para mudanças de legenda, conferido pela recém-sancionada lei da Reforma Política. O prefeito Roberto Cláudio e o deputado Heitor Férrer, ao trocarem de partido, na última semana, podem ter protagonizaram eventos emblemáticos.
Ao dizer o que disse, segunda-feira, no ato de filiação de Roberto Cláudio ao PDT, junto com outros correligionários, mais explícito não poderia ter sido o governador Camilo Santana (PT), dissipando qualquer resquício de dúvidas, ainda porventura existente, quanto à sua decisão de estar no palanque do prefeito, na disputa pela reeleição no próximo ano.
Camilo disse ter aprendido em casa, com o pai, Eudoro Santana, de que política se faz com lealdade e gratidão, e grato ele será a Roberto Cláudio no seu projeto de continuar prefeito, tanto quanto se empenhou na campanha de 2014 vencida pelo governador.
Esse ponto da fala de Camilo, no ambiente festivo do grupo liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, como de resto tudo mais por ele dito, foi muito pouco explorado. Indiscutivelmente, a filiação do prefeito com toda a pompa a ela emprestada, era o evento maior.
Calendário
Mas o pronunciamento do governador, pelas peculiaridades do ambiente político local, enfático como foi, calou profundo no seu partido, e tornou público o que estava no campo da especulação. O calendário do governador com vistas ao próximo pleito municipal só seria aberto no próximo ano. Ele resolveu antecipá-lo por razões da sua própria conveniência.
Em várias outras oportunidades, aqui mesmo neste espaço, já havíamos nos reportado a ações implícitas de Camilo em apoio ao prefeito, sem preocupação com espasmos de alguns dos integrantes do PT na defesa de candidatura própria à sucessão municipal em Fortaleza.
Como suas manifestações eram subliminares, os petistas dele mais próximos, não corroborando com as investidas dos correligionários, ferrenhos adversários de Roberto Cláudio e distanciados de Camilo, defensores da antecipação do processo de candidatura própria, logo a partir de agora, sempre tratavam da eleição na Capital como questão a ser cuidada somente no próximo ano.
Roberto Cláudio, só de longe acompanha o problema do PT de Fortaleza. Embora nada diga a respeito, indiscutivelmente ele tem interesse numa parceria com o partido, apesar de todo o desgaste experimentado pela agremiação, em razão do envolvimento de alguns dos seus com a corrupção e a ineficiência do Governo Federal.
Máquina
O tempo do partido na propaganda eleitoral é atraente, e consigo evitaria fortalecer um adversário. Ao governador, com o seu poder de persuasão, a força da máquina sob seu comando, e sua perspectiva de 2018, caberá buscar os entendimentos.
Não será fácil alcançar o objetivo traçado. O grupo palaciano, os petistas com discursos até certo ponto ambíguos, inclusive por necessidade de justificarem posições futuras, não serão obstáculo ao projeto, poderão querer um pouco mais, como apoio e outras ajudas para as eleições municipais ou estaduais. A outra parte, onde estão o senador José Pimentel e a deputada federal Luizianne Lins, se mostra irredutível. A fragilidade do partido em Fortaleza, porém, ajuda Camilo a enfrentar esses seus opositores.
O PT, como está, figura no rol de agremiações com chances de eleger apenas um, ou no máximo dois vereadores. A ajuda das máquinas do Estado, e sobretudo a da Prefeitura, como aconteceu na gestão anterior, daria musculatura aos candidatos e a oportunidade de somarem mais votos para conquistarem uma bancada que possa permitir ao partido mostrar ter eleitores no principal colégio eleitoral do Estado. A votação dos candidatos a deputado, em Fortaleza, foi relativamente muito pequena.
Roberto Cláudio, reservadamente, monta sua base de apoio da campanha. Ele, pessoalmente, tratou com vereadores e lideranças outras de bairros, as filiações e mudanças de partidos dos candidatos à Câmara Municipal, além de fechar acordos com dirigentes partidários. O governador Camilo e seu antecessor Cid Gomes intervêm quando são chamados, sobretudo quando as questões transcendem o âmbito municipal, como o foi caso do PP, preferido pelo deputado Vitor Valim, aqui já tratado.
Fonte: Diário do Nordeste
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