Após polêmica, os dois ursos-pardos, que há anos foram acolhidos pelo zoológico cearense, seguem para santuário ecológico no interior de São Paulo
Os ursos-pardos que estão sendo transferidos do Zoológico de Canindé, no Ceará, para o Rancho dos Gnomos, em São Paulo, nesta quarta-feira (28) vão receber novos nomes ao chegar ao destino. Até então chamados de Dimas e Kátia, eles passam a ser nomeados, respectivamente, como Verrú e Mizar.
Segundo os responsáveis pelo Rancho dos Gnomos, Verrú, como será chamado Dimas, significa “força da superação”. Já Mizar, novo nome de Kátia, representa o nome de uma das estrelas mais brilhante da constelação de Ursa Maior.
A fundadora do Rancho dos Gnomos, Sílvia Pompeu, explica que já é uma tradição do santuário ecológico a mudança nos nomes dos bichos acolhidos. “Mudamos justamente para descaracterizar o período que esses animais passaram em sofrimento no circo. É muito latente isso neles, em todos os animais. A gente gosta de descaracterizar para deixar o passado para trás. Vida nova, local novo, energia nova, e o nome representa isso”, conta.
Ela relata ainda a forma como os nomes foram escolhidos. “Nós somos adeptos da meditação e, por incrível que pareça, esse nome sempre é intuído pela meditação. Quando a equipe bate o martelo do nome, a gente já começa a fazer uma relação com os animais. Mas a gente tem o cuidado de, enquanto eles não entram na carreta do Rancho dos Gnomos, eles continuam sendo aquele animal com o nome antigo”.
O processo de transferência dos ursos ocorre desde a manhã desta quarta-feira (28). Kátia será transportada a São Paulo em voo às 2h desta quinta-feira (29). Ela vai embarcar pelo terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Fortaleza. Já Dimas (Verrú) viaja nesta sexta-feira (30), também às 2h. A princípio, será deslocado ao quartel do exército na Avenida Luciano Carneiro, em Fortaleza, até o momento de viajar.
Campanha
A ativista Luisa Mell iniciou uma campanha em outubro de 2018 para levar os ursos para o interior de São Paulo. No mês passado, o zoológico de Canindé e a associação Viva Bicho chegaram a um acordo para a transferência dos animais, contudo, sem prazo estabelecido. Diante da situação, a associação recorreu, novamente, para conseguir a transferência dos ursos.
Antes do transporte, uma das paredes do zoológico cearense precisou ser derrubada para que a carreta com as caixas de transporte tivessem acesso aos animais. Eles serão levados em aeronaves da companhia aérea Latam. Segundo integrantes do Rancho dos Gnomos, as caixas de transporte foram confeccionadas na própria cidade de Canindé, uma vez que o equipamento da entidade paulista era muito grande e não cabia dentro de um avião.
Para o translado em terra, a equipe conta com apoio da Polícia Militar. A arquidiciocese de Canindé também está colaborando na transferência. Cerca de 100 pessoas, entre policiais militares, profissionais da imprensa, representantes do Rancho dos Gnomos e funcionários do zoológico estão presentes no local.
As representantes da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE), Amanda Duarte e Luciana Valesca, também estão acompanhando a transferência dos ursos. Além da entidade, as ONGs Deixe Viver e Viva Bicha, que tem atuação no Ceará e em São Paulo, e funcionários do zoológico de Canindé atuam na transferência.
Batalha judicial
Um acordo na Justiça garantiu que os os ursos Dimas e Kátia fossem transferidos do zoológico de São Francisco de Canindé, no Ceará, para o santuário de animais Rancho dos Gnomos, em Joanópolis, no interior de São Paulo. A determinação de transferência foi emitida em junho.
Antes da decisão judicial, houve uma tentativa de conciliação, que terminou sem acordo. “A outra parte entendeu que seria melhor para os animais a transferência. Todos agora estão se mobilizando para que estes animais sejam transportados o quanto antes para o rancho”, disse a advogada Tiziane Machado, da associação Viva Bicho, na ocasião.
O santuário para onde Dimas e Kátia serão encaminhados é o mesmo local onde a irmã deles, Rowena, foi levada. Ela ficou conhecida como a ‘Ursa mais triste do mundo’ durante a campanha de transferência por ser de uma espécie nativa de regiões com clima ameno e enfrentar o calor de mais de 40 graus onde estava, no Piauí.
Fonte: https://g1.globo.com/ce/
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