Eleições 2024

STF começa a julgar Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado

(Crédito: EVARISTO SA / AFP)

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou, nesta terça-feira (25), a análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes do seu governo, acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Composta por cinco ministros — Cristiano Zanin (presidente), Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux —, a turma avaliará se a denúncia tem consistência suficiente para abrir uma ação penal, tornando os investigados réus. A decisão está prevista para ser concluída em sessões nesta terça e quarta-feira (26).

O que está em julgamento?

O STF não julgará imediatamente Bolsonaro e os demais denunciados. O que está em pauta é a admissibilidade da denúncia. Caso seja aceita, o processo passará por uma nova fase, com produção de provas, oitiva de testemunhas e outras diligências antes de um eventual julgamento final.

O “núcleo 1” da denúncia, considerado o cérebro do plano golpista, inclui:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República

  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil

  • Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional

  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa

  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin

  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha

  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Acusações

O grupo é denunciado por cinco crimes:

  • Organização criminosa armada

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

  • Golpe de Estado

  • Dano qualificado contra o patrimônio da União

  • Deterioração de patrimônio tombado

A PGR aponta Bolsonaro como o chefe da organização. Segundo o inquérito da Polícia Federal, ele “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva” nas tentativas de impedir a posse de Lula, incluindo, supostamente, o planejamento de assassinatos do presidente eleito, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.

Questionamentos rejeitados

As defesas alegaram irregularidades no processo, incluindo questionamentos sobre:

  • A competência da Primeira Turma para julgar o caso

  • A presença dos ministros Moraes, Zanin e Dino no colegiado

  • A validade da delação de Mauro Cid

Todos os argumentos foram rejeitados pela PGR e pelo próprio STF. A denúncia permanece com a Primeira Turma porque Alexandre de Moraes, relator do caso, a integra, e o regimento interno do STF foi alterado em 2023, restabelecendo a competência das turmas para julgar ações penais.

Segurança reforçada

Dada a importância e a repercussão do caso, o STF reforçou a segurança no prédio e em seu entorno. O plano inclui:

  • Monitoramento por câmeras

  • Controle rígido de acesso

  • Aumento do efetivo policial

  • Equipes de pronta resposta

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), não há previsão de fechamento de vias, mas intervenções podem ser feitas, caso necessário. O estacionamento ao longo dos meios-fios da Esplanada dos Ministérios será restringido.

O reforço na segurança ocorre após o atentado frustrado de novembro de 2023, quando um extremista bolsonarista tentou explodir bombas no STF e tirou a própria vida.

E os próximos passos?

Se a denúncia for rejeitada, o processo será arquivado. Se aceita, inicia-se a fase de instrução processual, com a coleta de provas e depoimentos. Só após essa etapa, os ministros decidirão se os réus serão condenados ou absolvidos. Ainda não há data para julgamento definitivo.

A análise do STF sobre a tentativa de golpe de 2022 marca um divisor de águas na história democrática recente do Brasil, colocando na berlinda altos membros de um governo eleito, agora investigados por tentar interromper o curso democrático no país.

Zeudir Queiroz