Rio de Janeiro. A mineradora Samarco deverá pagar pelo menos R$ 1 bilhão para garantir o custeio de medidas preventivas emergenciais, mitigatórias, reparadoras ou compensatórias mínimas devido ao rompimento de barragens de rejeitos no município de Mariana, Minas Gerais, segundo informou ontem o Ministério Público Federal (MPF).
Em comunicado, o MPF explicou que o valor está previsto em termo de compromisso assinado pela mineradora, com o MPF e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A Samarco é uma joint venture detida pela Vale e pela gigante da mineração BHP.
Impactos
A Vale admitiu que a remediação dos estragos provocados pelo rompimento da barragem vai levar “vários anos”. Em teleconferência com analistas, o diretor de relações com investidores da Vale, Luciano Siani, disse também que a conclusão sobre as causas do acidente deve levar “muitos meses”.
“A Samarco acaba de contratar uma empresa renomada da Bélgica para avaliar a extensão do dano e a extensão dos esforços necessários para limpar o rio. Acreditamos que vai levar vários anos para uma limpeza completa, considerando ainda que qualquer trabalho terá que ser aprovado pelas autoridades competentes”, afirmou.
Segundo Siani, ainda não é possível ter uma avaliação detalhada da extensão do dano e os trabalhos realizados pela empresa especializada vão contribuir na elaboração de um plano de recuperação de longo prazo. O executivo defendeu que o retorno das operações da Samarco antes da limpeza completa ajudaria o processo de remediação, ao permitir a geração de receita para sustentar custos de reconstrução e limpeza de áreas afetadas. Ele disse que a empresa pode apresentar alternativas técnicas ao uso de barragens.
“Precisamos convencer a sociedade de que podemos operar de formar segura e que podemos limpar os danos. Este é o primeiro passo a ser dado”, declarou.
Siani argumentou, ainda, que a empresa tem papel importante tanto na economia local, gerando 5,2 mil empregos, como na balança comercial brasileira – é a 10ª maior exportadora do País.
“Não podemos estimar agora o tempo e o dinheiro que custará a recuperação. Vai depender de cada área e será caro. A região existente no raio de uns 30 quilômetros da área das barragens, por exemplo, pode estar perdida. Está coberta por camada espessa de lama. A recuperação será tão cara que pode se mostrar inviável financeiramente”, pondera o pesquisador Marcos Freitas, coordenador executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), ligado à Coppe/UFRJ.
As indenizações e multas podem se tornar um problema para a companhia, disse Siani. Isso porque o seguro de responsabilidade civil da Samarco é insuficiente para cobrir as indenizações e multas ambientais, admitiu o executivo. Segundo ele, o montante a ser pago a título de reparação é “grande incógnita para o futuro da empresa”. O Ibama multou a Samarco em R$ 250 milhões após o rompimento das barragens.
Protesto
Manifestantes sujaram de lama a fachada da sede da Vale, no centro do Rio, ontem. O ato foi prestado em solidariedade às vítimas da tragédia ambiental em Mariana (MG).
Cerca de 60 bilhões de litros de lama, com rejeitos de mineração, foram despejados ao longo de 500 km, devastando comunidades e deixando um rastro de poluição na bacia do rio Doce.
Aproximadamente 300 manifestantes participaram do ato. Eles exibiram cartazes com críticas à Vale e gritaram palavras de ordem. Ativistas levaram galões com lama e despejaram na fachada da portaria do prédio.
Corpo resgatado
No último domingo (15), mais um corpo foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros em Mariana. Assim, passa para quatro os corpos que aguardam identificação. Os desaparecidos, até ontem, eram 12, nove funcionários da Samarco e três moradores.
Fonte: Diário do Nordeste
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