Eleições 2024

Ricos e classe média, insatisfeitos com divisão da renda, querem tirar PT do poder, diz economista

Durante visita a Fortaleza no último sábado, o economista – uma das principais cabeças do projeto econômico do PT – disse que setores estão “insatisfeitos” com com perda de privilégios durante os governos petistas

Uma das principais cabeças do projeto econômico de Dilma Rousseff (PT), o economista Márcio Pochmann disse neste sábado, em Fortaleza, que ricos e classe média brasileira enxergam como “questão decisiva” a saída do PT do poder nas eleições deste ano. Segundo ele, esses grupos estariam insatisfeitos com políticas petistas de descentralização de renda, que estariam, por tabela, “combatendo privilégios” dos mais ricos.

“Ricos não estão nada satisfeitos. Para eles, é uma questão decisiva ver o PT fora do governo. Nossa classe média também não suporta o combate às desigualdades, porque ele é também o combate aos privilégios. É aquela questão do status, que é atacado pelos programas sociais”, disse Pochmann, que esteve em Fortaleza participando do “Café com Ideias”, projeto organizado pela Casa Vermelha, ação ligada ao vereador Guilherme Sampaio (PT).

Ilustrando a questão, Pochmann citou exemplo de pessoas da classe média que estariam incomodadas com a ascensão de brasileiros de baixa renda após governo do PT. “Existe a questão do status. A patroa vai para Miami e vê a empregada doméstica. O cidadão compra um carro, mas aí vê que o porteiro também tem carro novo. Essa classe média não nos quer”, disse o economista.

Programas sociais

Pochmann afirmou ainda que, para as eleições deste ano, o desafio e diretriz do PT deve ser organizar e se aproximar de setores beneficiados por programas sociais dos governos Lula e Dilma. Entre possíveis “alvos”, ele cita estudantes beneficiados pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) e 3 milhões de famílias beneficiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida.

“Precisamos organizar e transformar esses grupos em política, mobilizações. Buscar esses segmentos e organizá-los. Isso porque, na política, não existe vácuo. Se nós não buscarmos essas pessoas, outras vão”, disse.

Reformas

Para eleição deste ano, Pochmann também destacou necessidade de o PT “bancar” debates envolvendo reformas profundas na sociedade. Entre os pontos criticados pelo economista e passíveis de mudanças, estão projetos de regulamentação da mídia e concentração de terras em grandes latifúndios.

“Nós inventamos o Brasil sem mexer no velho, nunca se mexeu na aristocracia rural (…) hoje, 40 mil proprietários possuem até 50% das terras, e elegem 20% das casas legislativas”, disse o economista.

Ex-presidente do Instituto de Pesquisa Aplicada entre 2007 e 2012, Márcio Pochmann é professor titular da Unicamp e um dos ideólogos das propostas econômicas dos governos do PT desde a era Lula.

A palestra do economista integrou programa “Café com Ideias” da Casa Vermelha, que regularmente promove discussões sobre temas de interesse da sociedade. A Casa é um espaço político-cultural mantido pelo vereador Guilherme e por grupos da sociedade civil que dialogam com o mandato do parlamentar. (Carlos Mazza – carlosmazza@opovo.com.br)

Fonte: O Povo

Zeudir Queiroz