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Programa Mais Médicos comemora aniversário

Um ano atrás, os primeiros profissionais do programa Mais Médicos chegavam a Reriutaba. Hoje, sete cubanos trabalham no Município. Em todo o Estado, 1.008 médicos atuam pelo programa federal

Mais medicosMudanças dependem de tempo. Na saúde, para uma transformação mínima, só um ano pode não ser o suficiente. Porém, em Reriutaba, cidade a 309 km de Fortaleza, 12 meses conseguiram trazer à tona um ambiente de mais cuidado, mais atenção, mais cidadania. Esse é o período de atuação, no município, dos primeiros profissionais pertencentes ao programa federal Mais Médicos.

Quando eles chegaram, O POVO esteve na cidade. Havia expectativa, desconfiança, dificuldades de compreensão da fala do casal cubano. Agora, um ano depois, a reportagem voltou a Reriutaba. Mais profissionais chegaram. E o que se viu foi que quando a generosidade e a boa vontade de uns se encontram com os mesmos sentimentos de outros, todos ganham – mesmo que o restante não seja perfeito.

Sete médicos do programa federal trabalham hoje em Reriutaba. Todos são cubanos. Com isso, áreas que nunca tinham tido médico agora têm atendimento, conforme o secretário da saúde, Francisco José Cavalcante Lima Melo. Assim, aumentou a demanda por exames e medicamento, mais consultas foram realizadas. “Deu um salto gigantesco na saúde”, diz o secretário.

O “salto” é sentido por moradores como a dona de casa Rosa Maria de Assunção, 62. A localidade Riacho das Flores, onde ela e a família moram, nunca tinha tido médico. “Era muito ruim pra gente porque tinha que ir a Reriutaba pra ter atendimento. Agora, toda hora tem médico aqui”. Na unidade do local, a Pedro Florêncio Cardoso, atende o cubano Jorge Luís Baños Toirac, 47. Depois de missão comunitária na Venezuela, encontrou no Mais Médicos nova oportunidade de exercer a “medicina comunitária”, como diz. Veio para o Ceará. Encantou-se.

“O que mais me impressionou foi o sentimento das pessoas. É uma gente simples, honesta. O ‘obrigado’ que dão é com o coração”, reconhece. Semanalmente, nas visitas domiciliares, encontra ouvidos atentos. Fala sobre amamentação, cuidados com a alimentação (já que hipertensão e diabetes são duas das doenças crônicas mais comuns na cidade). Assim, Jorge ensina. Porque ser médico é também ser professor.

No local em que Isidro Rosales Castro atende, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Manoel Zeferino da Silva, na localidade do Oitizeiro, a satisfação também é sentida em qualquer conversa com pacientes. Isidro e a esposa, Esperanza Anabel Dans León, foram os dois primeiros médicos do programa a chegar a Reriutaba, em setembro de 2013. “Nunca nenhum médico tinha pedido exame de mamografia”, lembra a dona de casa Maria das Dores Pereira da Silva, 45, paciente de Isidro.

Um ano atrás, O POVO esteve na casa de Maria de Fátima Silva, 60, na comunidade Quandu. O neto dela, Wesley, acabara de nascer e fora examinado por Isidro. As consultas seguiram nestes 12 meses, e o vínculo do médico com a família é visível a cada sorriso dele provocado pelas brincadeiras do menino. “Melhorou muito pra gente. Antes só tinha enfermeiro. Era difícil vir um médico aqui”, celebra a avó – orgulhosa da saúde de Wesley, “a alegria da casa”.

Apesar da melhora causada pela chegada dos médicos, a saúde ainda tem carências em Reriutaba. Na unidade em que trabalha Isidro, falta dentista para o consultório novo e equipado. Segundo o secretário da saúde, o Município espera a conclusão de concurso público para preenchimento das vagas ali e em outras UBSs da cidade. Pelo menos três serão convocados.

Mudanças

Eliecer Ricardo de la Torre chegou em dezembro a Reriutaba. Sabe que a cidade ainda apresenta problemas na saúde (exames, por exemplo, só podem ser feitos em Sobral). Mas reconhece empenho na tentativa da gestão de melhorar a rede. “Ainda faltam mais médicos, mas mais ou menos toda a população da cidade é assistida”. A unidade em que ele trabalha, a UBS Raimundo Capistrano de Castro, está em uma casa improvisada enquanto nova sede é erguida. Mas nada é empecilho para o trabalho dele. Porque saúde pode se construir em qualquer lugar.

A diretora da UBS em que trabalha Eliecer, Maria Lúcia Martins Lemos, é toda elogios para o médico. “Tem gente que diz que eles estão ensinando o médico brasileiro a não ter preguiça. Paciente que chega aqui não volta pra casa sem atendimento porque ele não deixa voltar. Muitos só querem ser atendidos pelo cubano”, comenta. Um profissional brasileiro, que não faz parte do Mais Médicos, integra a equipe do posto. É o único médico de fora da ação federal a trabalhar na atenção básica do município.

Fonte: O Povo

Zeudir Queiroz