A presidenta Dilma Rousseff jogou um balde de água fria na festa do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que anunciou a líder do grupo Rede, Marina Silva, como candidata a vice em sua chapa à Presidência da República. Dilma, compareceu ao Estaleiro Atlântico Sul, no Complexo de Suape, onde foi recebida na Base Aérea do Recife pelo governador João Lyra (PSB), para o lançamento de um navio petroleiro.
Entre os líderes políticos presentes estavam o senado Humberto Costa (PT), o deputado federal João Paulo Lima (PT) e o pré-candidato ao governo de Pernambuco, Armando Monteiro (PTB). O voo em que ela chegou de Brasília atrasou alterou toda a agenda presidencial no Estado. O lançamento do navio Dragão do Mar, construído pelo Estaleiro Atlântico Sul, nesta segunda-feira, estava previsto para as 10h30, mas ocorreu somente no final da manhã.
Depois de desembarcar na Base Aérea, a comitiva presidencial seguiu para o Complexo de Suape de helicóptero. Em Suape, Dilma estava sendo aguardada por funcionários do estaleiro. Foram colocadas 1,5 mil cadeiras para a cerimônia. Atuam no Estaleiro Atlântico Sul cerca de 6 mil trabalhadores. O navio Dragão do Mar é o terceiro produzido pelo Estaleiro Atlântico Sul por encomenda da Transpetro, subsidiária da Petrobras, para reforçar a frota da empresa para o transporte de petróleo extraído no país.
Água no chopp
A visita de Dilma coincidiu com o anúncio oficial do nome da ex-senadora Marina Silva na composição da chapa do PSB que será lançada na disputa ao Planalto esse ano. A visita de Dilma, no entanto, guardou um simbolismo político ainda mais evidente quando se observa que ela está tecnicamente empatada com Campos em relação ao eleitorado pernambucano. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau (IPMN), publicada nesta segunda-feira pelo Jornal do Commercio, a presidenta possui 35% das intenções de voto, enquanto campos figura com 38%. O senador mineiro Aécio Neves (PSDB) possui apenas 3% das intenções de voto no eleitorado pernambucano.
A agenda de Dilma – a viagem inaugural do navio Dragão do Mar, do Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca, pela manhã, e a inauguração da primeira etapa e assinatura de ordem de serviço da segunda etapa da Adutora Pajeú, além do lançamento do edital do Ramal do Agreste, em Serra Talhada – também serviu como um lembrete aos eleitores: enquanto ela trabalha, Campos, que deixou o governo do Estado há dez dias para se dedicar exclusivamente à corrida eleitoral, usa Brasília para fazer política.
A ida de Dilma ao reduto do futuro adversário já jogou água no chopp de ao menos um ponto da festa de Campos: o governador de Pernambuco, João Lyra Neto, foi presença de destaque ao lado da presidenta, em lugar de comparecer a um importante evento de seu partido, cujo principal personagem é o presidente da legenda e de quem, até pouco tempo, era vice-governador. O “evento político-cultural” anunciado pela aliança PSB-Rede-PPS reuniu cerca de mil militantes no Hotel Nacional, um dos principais da capital pernambucana.
Na noite passada, Campos reuniu-se com sua futura companheira de chapa para finalizar os últimos detalhes do evento, batizado de “Encontro pelo Brasil”. A jornalistas, Campos afirmou que o anúncio oficial da chapa, com Marina como vice, é a vitória contra as “forças governistas que tentaram nos inviabilizar desde o início”.
Pesquisas
Ex-ministro do governo Lula, Campos era um dos mais prestigiados governadores da base aliada governista até o ano passado quando rompeu a aliança com o PT para lançar sua candidatura ao Palácio do Planalto. A formalização da chapa, no entanto, foi colocada em dúvida diante de sua desvantagem para a líder do grupo político autodenominado Rede, nas pesquisas de opinião.
As intenções de voto para a presidenta Dilma, na última pesquisa do Instituto Datafolha, apesar das controvérsias, caíram seis pontos desde o final de fevereiro, enquanto quem mais cresceu foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, oficialmente, não concorrer a nenhum cargo público neste ano. Os adversários de Dilma, por sua vez, mantiveram-se estagnados, o que permitiria que ela fosse reeleita no primeiro turno com 38% dos votos, segundo a pesquisa. Marina conseguiu 27% de intenções de votos, enquanto Campos atingiu a marca de 10%.
Campos, agora, entra em uma fase importante para tentar a transferência de votos de Marina para ele. A meta é aproximar-se de Aécio Neves (PSDB-MG), que teve 16% na última pesquisa. O objetivo é se apresentar ao eleitor como a melhor alternativa para levar as eleições ao segundo turno. Campos e Marina planejam, com este fim, uma série de viagens juntos até junho, data das convenções partidárias que oficializam os candidatos a presidente. A meta é visitar cerca de 150 cidades neste período.
– Eles não queriam nos enfrentar. Tentaram nos empurrar para a direita, mas avançamos e consolidamos nossa aliança. E isso acontece no momento em que a presidente Dilma perde substância – disse Campos a jornalistas.
Fonte: Correio do Brasil
- Polícia Federal Indicia Jair Bolsonaro e 36 Pessoas por tentativa de golpe de estado - 21 de novembro de 2024
- Deputado Apóstolo Luiz Henrique condena divisão entre fiéis e discurso de ódio na política - 21 de novembro de 2024
- Feirão SPC Brasil: renegociação de dívidas com descontos de até 99% - 21 de novembro de 2024