Com mais de 30% nas intenções de voto em todos os cenários de 1° e de 2° turno caso as eleições de 2018 fossem hoje, Lula (PT) inicia o ano anterior à disputa presidencial com folga em relação aos prováveis concorrentes, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada na semana passada. Analistas e políticos que conversaram com O POVO tentam explicar a força do ex-presidente que resiste a denúncias de envolvimento em corrupção e ao enfraquecimento do PT.
“Recall”, carisma e legado são as principais explicações dadas por Rodrigo Prando, professor de política e sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo. “Ele é provavelmente o político mais conhecido do Brasil na era republicana”, sintetiza.
O professor também destaca o “discurso que é entendido por todo tipo de plateia” e as melhorias trazidas por Lula, principalmente à população mais pobre. “Os anos do governo Lula foram anos em que a vida da sociedade brasileira melhorou, e os seus problemas só estouraram no governo de Dilma Rousseff (PT)”, analisa.
A explicação é parecida com a do deputado aliado José Guimarães (PT), que destaca também a trajetória do ex-presidente. “É a história de um homem que nasceu no povo e que continua com o coração vinculado às pessoas mais pobres”, afirma.
O parlamentar também fala sobre uma alegada “perseguição” que Lula estaria sofrendo da mídia nacional e da Operação Lava Jato. Segundo ele, a investigação tem causado efeito contrário. “Tem influenciado positivamente, porque a população percebeu que é uma caçada descabida”.
O argumento não é corroborado por Prando, que aponta a Lava Jato como um dos fatores que pode impedir Lula a se candidatar no próximo ano. “É bem provável que ele nem seja candidato, pela possibilidade de condenação. E todas as acusações, denúncias e gravações seriam usadas pelos adversários durante a campanha”, afirma.
Tese com a qual concorda o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), que acredita que as investigações “causam muita instabilidade”. Para ele, a liderança de Lula na pesquisa pode ser explicada pelos “vários seguidores e correligionários fiéis do PT”, que permitem que “ele sempre se posicione na frente”.
Nos últimos dias, o PT tem destacado legado de Lula em propagandas veiculadas na televisão. Em uma delas, o ex-presidente diz que está sendo perseguido “por tudo que o PT fez de bom para o País”.
Novos nomes
Quem também se destacou foi o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-SP), que aparece em segundo lugar na pesquisa espontânea, com 6,5%. Seu nome é apontado por Prando como possibilidade de “antagonista à altura” de Lula, assim como o prefeito de São Paulo João Dória (PSDB).
Ele vem sendo apontado como um nome forte para a disputa, sobretudo após os tucanos Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP) terem ficado abaixo do próprio Bolsonaro na pesquisa.
Fonte: http://www.opovo.com.br/j
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