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Polícia Civil do PR pede quebra de sigilo bancário e fiscal de cartomante

A Polícia Civil, através da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc) deCuritiba, entrou com pedido na Justiça para conseguir a quebra de sigilo bancário e fiscal da cartomante e de outras duas pessoas suspeitas de aplicar um golpe contra um casal em Curitiba.

A mulher atendia em uma casa no bairro Batel, um dos mais nobres da capital, e foi presa na terça-feira (19). O casal fez a denúncia em setembro deste ano, após perder aproximadamente R$ 380 mil nos golpes aplicados pelo grupo. Além da cartomante, o marido e o presidente do Conselho Mediúnico do Brasil, Dourival Simões, também foram presos.

De acordo com a polícia, os três são suspeitos de formar uma quadrilha que enganava pessoas ofertando “serviços espirituais”. O crime configura formação de quadrilha e estelionato. O advogado que o representa Dourival Simões disse que a entidade apenas presta auxílio e fiscaliza os centros e terreiros de umbanda sem qualquer relação com questões financeiras.

“Com a quebra do sigilo, a gente consegue ter uma noção exata de como era a movimentação bancária de todos os envolvidos”, explica o delegado Mateus Laiola. A polícia também investiga onde estão guardados nove carros que estão no nome do marido da vidente.

A vítima disse que procurou a vidente no mês de fevereiro, afirmando estar “desesperada” com o comportamento do filho. “Ela disse assim: ‘ele tem namorada?’. Tem. ‘Então peraí, deve ter algum trabalho feito’.”, contou a vítima. Para resolver o problema, a vidente passou a exigir quantias de dinheiro que somaram os R$ 380 mil, segundo a vítima.

Ainda de acordo com a vítima, além de a mulher incorporar uma entidade espiritual nas sessões, ela fazia demonstrações de materializações de “objetos e coisas esquisitas”. O golpe já durava cinco meses quando o marido, que até então não sabia de nada, começou a desconfiar do comportamento da mulher e descobriu que ela havia dado o valor à vidente em dinheiro vivo e sem comprovante.

No mesmo dia em que foram efetuadas as prisões, outras 14  vítimas procuraram a polícia para relatar o golpe. Elas foram ouvidas como testemunhas no inquérito aberto para investigar o caso. Oficialmente, nenhuma delas prestou depoimento.

Flagra
O casal também denunciou o caso à RPCTV. Com câmeras escondidas, eles gravaram encontros posteriores com a vidente, que dizia incorporar uma entidade chamada “Vó”. Nas filmagens, o casal chega a pedir o dinheiro de volta à vidente, que responde que até poderia devolver parte, mas com o risco de o serviço não ser realizado a contento. “Já tem a resposta de como vai ser a entrega desse dinheiro, vó?”, questiona a mulher. “Não, mizifio, véia não sabe”, foi a resposta.

Com base nas evidências, a polícia efetuou as prisões. Há ainda mandados de prisão em nome da sogra e do sogro da vidente, que ainda não haviam sido cumpridos. Os advogados dos sogros da cartomante disseram que os clientes não devem se apresentar até que os mandados de prisão sejam revogados. Para a polícia, eles continuam foragidos.

“Muitas pessoas são atraídas para esse tipo de armadilha porque passam por um momento de fragilidade emocional e, infelizmente, dilapidam o patrimônio”, disse o delegado Marcelo Lemos de Oliveira.

Fonte: G1

Zeudir Queiroz