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PE: mães podem perder guarda se filhos voltarem a entrar em canal poluído

As mães das crianças que foram fotografadas recolhendo latinhas no canal do Arruda, zona norte do Recife, em Pernambuco, não podem mais permitir que os garotos mergulhem no rio. Segundo o Conselho Tutelar, elas podem até perder a guarda se a situação se repetir.

As imagens ganharam destaque nos principais veículos de comunicação do País e comoveram órgãos públicos e população. Mãe de seis filhos, a doméstica Maria José Felix conta que o telefone e as visitas não cessam desde que o filho, de nove anos, foi fotografado no canal.

— Eu não sabia que ele entrava no córrego daquele jeito. Eu sabia que ele pegava material reciclável para vender e me dava o dinheiro para comprar pão.

Paulinho é o filho mais novo de Maria. As outras duas crianças que apareceram nas imagens são filhos da irmã dela, que mora em um barraco ao lado na comunidade de Saramandaia. Ela tem sete filhos. O dinheiro da reciclagem ajudava a compor a renda. Após as reportagens, as famílias foram cadastradas nos programas Bolsa Família e Bolsa Escola.

Segundo o Ministério Público do Trabalho, foi encaminhada uma lista de 13 pedidos para que a prefeitura de Recife faça ações a fim de acabar com o trabalho infantil na cidade. Entre as recomendações, a administração municipal tem 120 dias para averiguar quantas e que em condições os menores de idade estão trabalhando. A partir disso, será dado prazo de 30 dias para inseri-los em programas sociais. O MP avaliou que a prefeitura está em falha para resolver o problema.

De acordo com perfil dos catadores brasileiros elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), baseado no Censo 2010 (IBGE), 3,6% dos 20.166 pernambucanos que trabalham com reciclagem têm entre dez e 17 anos. São, oficialmente, 726 crianças e adolescentes no Estado que tiram seu sustento como catadores.

A prefeitura informou que além dos benefícios de renda, as crianças receberão apoio psicológico. O órgão disse ainda que está providenciando a limpeza do canal. O Conselho Tutelar alegou que os meninos estão expostos a doenças dentro do rio e que, por serem menores de idade, estão sob responsabilidade das mães, por isso elas devem impedir que eles entrem no canal.

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Maria José se diz surpresa com toda a repercussão que a história de vida de sua família ganhou. Ela afirma que sonha em ter uma casa própria e que o filho, fotografado no córrego, sonha em ser policial.

— Enfim olharam para a gente, para nossa situação de vida. Nenhuma mãe quer ver o filho em um rio sujo pegando latinha. Mas não posso negar que o dinheiro me ajudava. Eu já falei para ele não fazer mais isso. Deus me livre perder meu filho.

Paulinho já está ciente da situação e terá que voltar para casa assim que sair da escola, e não mais ir para o canal. Maria diz que vai andando para o trabalho, cerca de 40 minutos, para economizar o dinheiro da passagem. Com os auxílios dos programas sociais e o salário, ela acredita ser possível ter esperança de sair da miséria.

Fonte: R7

Zeudir Queiroz