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Padre Anchieta é declarado santo

Cidade do Vaticano O papa Francisco assinou, ontem, o decreto de canonização do padre José de Anchieta, transformando em santo o jesuíta considerado o “Apóstolo do Brasil” e um dos responsáveis pela fundação da cidade de São Paulo.

O papa Francisco irá celebrar missa em comemoração à canonização em 24 de abril, na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma. No Brasil, a celebração do novo santo acontecerá dia 4 de maio, no Santuário Nacional de Aparecida (SP).

Anchieta, nascido em março de 1534 nas Ilhas Canárias, na Espanha, chegou ao Brasil com apenas 19 anos e viajou o país inaugurando missões religiosas e atuando na catequese de índios, inclusive tendo aprendido o tupi. “Anchieta é santo. Na manhã de ontem, o papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato”, informou nota no site do Vaticano.

“Depois de ouvir o relatório sobre a vida e a obra do ‘Apóstolo do Brasil’, o pontífice assinou o decreto que reconhece a figura e a grandeza do missionário, colocando assim seu testemunho como exemplo para os cristãos de todo o mundo.”

O primeiro pedido de canonização de Anchieta foi feito há 417 anos. Depois de um novo pedido apresentado em outubro de 2013 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o papa Francisco ligou pessoalmente para o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, informando sobre a canonização, de acordo com o Vaticano.

Junto com o padre Manoel da Nóbrega, Anchieta fundou em 25 de janeiro de 1554 um colégio em Piratininga, onde aos poucos se formou um povoado ao redor que foi batizado pelo missionário de São Paulo, em homenagem ao dia em que se comemora a conversão do apóstolo Paulo. Anchieta morreu em 1597, aos 63 anos.

Trajetória

A canonização do espanhol é uma forma de reconhecimento do Vaticano ao trabalho jesuíta na educação, catequização de povos indígenas e fundação de vilas no Brasil colonial, segundo teólogos e historiadores. Há, porém, quem o acuse de prejudicar a cultura indígena.

“Alguns teóricos argumentam que o ímpeto catequizador de Anchieta destruiu a cultura indígena ao pregar o catolicismo na selva, mas temos que situar o homem em sua época. Em sua visão, Anchieta estava levando os índios para Deus e fazia isso pelo convencimento, nunca pela força”, afirma o historiador Gabriel Bittencourt, ex-professor da Universidade Federal do Espírito Santo e autor do livro Recriando Passos de Anchieta.

Ele é retratado por historiadores como um homem que soube lidar diplomaticamente com os índios. Aprendeu tupi-guarani e estudou crenças para montar peças teatrais que ajudassem nativos a entender o catecismo.

O papa também reconheceu as “virtudes heróicas” – primeiro passo no processo de beatificação e canonização – da brasileira Maria Teresa de Jesus Eucarístico (1901-1972), fundadora da congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.

Fonte: Diário do Naordeste

Zeudir Queiroz